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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

30.11.24

NOTA: Este post é respeitante a Sexta-feira, 29 de Novembro de 2024.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Um dos aspectos mais memoráveis e marcantes da experiência de ser adolescente em Portugal nos anos de viragem do Milénio foi a vincada demarcação da demografia juvenil nas clássicas 'tribos urbanas' já conhecidas dos filmes americanos, mas apenas então verdadeiramente chegadas a Portugal. Rótulos como gótico, 'dread' ou 'skater' vieram juntar-se aos já existentes 'betos', 'metaleiros' e surfistas, e trouxeram consigo toda uma nova gama de estilos e acessórios de moda, muitos dos quais viriam rapidamente a permear a cultura popular juvenil como um todo. É o caso do acessório de que falamos nesta Sexta com Style, com origem no movimento 'skater' mas que rapidamente se alastrou à moda juvenil 'generalista', sendo visão frequente entre os seguidores dos estilos mais alternativos durante os últimos anos do século XX e os primeiros do seguinte.

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Exemplo do acessório em causa a uso na actualidade.

Falamos dos atacadores largos, normalmente fluorescentes, que qualquer bom adepto do estilo em causa não dispensava nos seus sapatos de ténis Adidas, Airwalk, Skechers ou semelhante. Isto porque, para além da sua função declarada de oferecer maior estabilidade ao sapato e não se desatar tão facilmente (o que não deixava de ser irónico, já que eram maioritariamente usados desamarrados) os acessórios em causa davam um toque de estilo e cor a ténis cujas cores dominantes tendiam a ser o cinzento, o castanho e o preto – característica que ajuda, também, a explicar a popularidade dos mesmos junto do público alternativo feminino.

Ao contrário do que acontece com tantas outras peças de que vimos falando nesta mesma secção, os atacadores largos e fluorescentes nunca desapareceram verdadeiramente dos estilos juvenis, apenas mudando ligeiramente de configuração, e sido aplicados a novos tipos de sapatos; e, com o apreço que a actual geração de adolescentes demonstra pelas cores vivas e 'neon', não se prevê que tal tendência venha a mudar num futuro mais próximo, fazendo destes atacadores um dos poucos e mais inesperados produtos a 'unir' as mais recentes gerações de portugueses.

29.11.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 28 de Novembro de 2024.

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

As caretas são, desde sempre, uma das maneiras mais simples e eficazes de fazer rir (ou chorar) um ser humano de tenra idade, vindo apenas a perder efeito já perto da adolescência, quando todos os elementos ligados à infância são quase automaticamente rejeitados. Não é, pois, de surpreender que um brinquedo baseado no acto de criar e fazer caretas conseguisse alguma tracção entre o público infanto-juvenil da sua época, vindo a tornar-se uma Quinquilharia de relativo sucesso durante alguns anos em finais da década de 80 e inícios da seguinte.

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De conceito tão simples quanto divertido, estes brinquedos, que nunca chegaram a ter nome oficial. consistiam de literais 'cabeças ocas' (já que a parte de trás era aberta) pertencentes a indivíduos de feições grotescas, as quais podiam ser alteradas em algo ainda menos estético por intermédio dos buracos na parte traseira, destinados a encaixar nos cinco dedos de uma mão. Com um dedo em cada um dos referidos orifícios, e a cabeça enfiada sobre a mão, quase como uma luva, a criança podia, então, distorcer as feições da cabeça, bastando para isso mexer os dedos, individualmente ou em conjunto. Uma vez apanhado o 'jeito', era possível criar deste modo um número surpreendentemente alargado de caretas, já que as diferentes partes da carantonha podiam ser manipuladas individualmente, permitindo, por exemplo, 'esbugalhar' ou revirar os olhos ao boneco. Esta versatilidade será, aliás, um dos principais factores por detrás do sucesso almejado por estes 'caretas', já que prevenia que a experiência de brincar com os mesmos se tornasse repetitiva e, por isso, aborrecida, incentivando assim a criança a pegar na referida Quinquilharia com maior regularidade, na esperança de criar novas expressões ainda mais grotescas que as anteriores.

Tal como a maioria dos brinquedos mais baratos e corriqueiros de qualquer época, também estes 'caretas' acabaram por desaparecer do mercado, substituídos por novos conceitos e produtos mais apelativos. Quem chegou a manipular uma destas caras, no entanto, sabe o quão divertida essa experiência podia ser – e, quiçá, ainda 'vista' a sua cabeça de tempos a tempos e entretenha os filhos com algumas divertidas caretas 'borrachentas'...

28.11.24

NOTA: Este post é respeitante a Quarta-feira, 27 de Novembro de 2024.

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

Muitas obras literárias são geracionais, mas pouco dizem às 'fornadas' subsequentes; outras, no entanto, afirmam-se como verdadeiramente intemporais, logrando entreter, encantar e apaixonar várias gerações de crianças e jovens ao longo de décadas, sem nunca perder a popularidade de que gozou originalmente. É de uma dessas séries que falamos neste 'post' – concretamente, da colecção de livros infantis ilustrados de Dick Bruna, alusivos às aventuras da coelhinha Fifi, hoje conhecida pelo nome original, Miffy.

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Edição moderna de um dos livros da colecção.

Reunindo todos os predicados de um bom livro infantil – histórias quotidianas e intemporais, com lições de moral simples mas importantes, e relatadas de um modo simples, directo e apelativo, apoiado em desenhos estilizados mas repletos de personalidade – a série de livros protagonizados pela coelhinha branca surgiu pela primeira vez nos escaparates portugueses ainda nos anos 80 para, à semelhança do que aconteceu com os livros de Enid Blyton ou as aventuras de Anita, nunca mais os abandonar.

De facto, tal como sucede com a rapariguinha francesa, também a coelhita norte-americana pode, ainda hoje, ser encontrada na maioria das boas livrarias de Norte a Sul de Portugal, em edições praticamente idênticas às lidas e apreciadas pelos membros das Gerações 'X' e 'Alfa', só diferindo mesmo o facto de a protagonista ter 'recuperado' o seu nome original. Significa isso que a qualidade que as referidas ex-crianças (hoje na casa dos trinta a quarenta anos) recordam da sua infância permanece intacta, pronta a ser apresentada a uma nova 'leva' de crianças em idade de alfabetização, e de tornar a coelhinha protagonista (seja sob que nome for) parte das futuras memórias nostálgicas da mesma, tal como o foi para os seus pais.

26.11.24

NOTA: Por motivos de relevância temporal, esta Terça será Tecnológica, e não de TV.

A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.

Apesar de as suas propriedades não terem a fama nem a popularidade das das rivais SEGA, Capcom e Acclaim, a Namco surgia, ainda assim, na 'linha da frente' das editoras de jogos de luta noventistas, tendo as suas duas séries dentro do género logrado subsistir e sobreviver até aos dias de hoje. Da mais famosa das duas, falaremos aqui noutra ocasião; a outra serve de tema a este 'post', numa altura em que se celebram os vinte e cinco anos da sua chegada ao mercado europeu – ou, pelo menos, a chegada do jogo que a tornou conhecida, e lhe rendeu o nome definitivo.

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Isto porque o primeiro título da série, editado no Japão em 1996 e na Europa e EUA no ano seguinte, surgia com uma designação ligeiramente diferente daquela pela qual a série ficaria conhecida – ou antes, duas. No mercado nipónico, o referido jogo levava o nome de 'Soul Edge', euqnanto que no Ocidente se ficaria a chamar 'Soul Blade' – ambos os nomes em referência à espada pela qual os personagens lutam. Seria neste título que surgiriam pela primeira vez lutadores marcantes da série, como Cervantes (o pirata inspirado no conquistador do mesmo nome), Voldo (cujo nome alternativo poderia ser 'Eduardo Mãos de Batedeira') ou a dominatrix Sophia, por vezes erroneamente tida como uma recriação da muito semelhante Sophitia, da série 'Battle Arena Toshinden'. Juntamente com o já conhecido Yoshimitsu (o samurai robótico da série 'Tekken') estes personagens ajudavam a que o título em causa se destacasse da 'chusma' de 'beat-'em-ups' em 3D centrados em lutadores de artes marciais típicos e relativamente anónimos que inundavam o mercado da época, atraindo assim a atenção dos aficionados deste estilo de jogo, que encontrariam no título em causa uma espécie de versão mais rápida e fluida, mas menos memorável, de 'Tekken', que constituía uma excelente 'alternativa de baixa gama' ao mesmo, e uma adição valorosa ao catálogo de jogos de luta da PlayStation original, contando mesmo com um modo de 'campanha' com elementos de RPG (!), intitulado 'Edge Master'.

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Apesar de acima da média ao nível dos aspectos técnicos, além de bastante divertido, 'Soul Blade' ainda tinha, no entanto, 'espaço de manobra' para se transformar em algo ainda melhor – um potencial que a Namco não hesitaria em explorar, aproveitando para tal o advento das consolas de 128 bits, que ofereciam todo um novo mundo de possibilidades que a 'velhinha' Sony PlayStation simplesmente não conseguia igualar. Não é, pois, de espantar que, ao 'ressurgir' como título de lançamento da revolucionária mas incompreendida Dreamcast, há exactos vinte e cinco anos (a 26 de Novembro de 1999) a série apresentasse a 'cara lavada' - com um enorme 'upgrade' a nível dos gráficos e jogabilidade, agora muito mais próximos dos da versão para máquinas 'arcade' – e um novo nome, pelo qual viria a ficar conhecida em décadas vindouras: 'Soul Calibur'. A essência do título, essa, mantinha-se a mesma de 'Soul Blade', com apenas alguns ligeiros mas significativos ajustes, como a corrida multi-direccional, que permitia aos lutadores evadirem-se a um adversário em qualquer das oito direcções possibilitadas pelos comandos direccionais da consola, oferecendo assim uma maior sensação de liberdade.

Do resto, como se diz, reza a História: um sucesso retumbante (que levaria a que todos os jogos subsequentes tivessem a mesma designação, tornando o primeiro título da série numa espécie de 'pária') cinco sequelas até à data, conversões dos originais para plataformas móveis e os habituais produtos associados e alusivos à propriedade, como uma série de álbuns de 'manga'. E a verdade é que a série da Namco merece bem tal popularidade, já que foi dos poucos títulos da sua época que verdadeiramente procurou inovar dentro do mercado dos jogos de luta, fosse no tocante à história e ambientação dos seus combates, fosse na própria jogabilidade. Parabéns, e que conte ainda muitos.

25.11.24

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

No que diz respeito a nomes sonantes e incontornáveis da música portuguesa, há uma banda que se continua a destacar acima de todas as outras: os Xutos e Pontapés. Mesmo no ocaso da carreira e com uma fracção da relevância e base de fãs que tinham no pico da carreira, o colectivo liderado por Tim continua a ser o primeiro nome que vem à mente da grande maioria dos melómanos portugueses ao listar artistas musicais de destaque na cena nacional. É, pois, tudo menos surpreendente que os roqueiros lisboetas tenham sido alvo, por ocasião dos seus vinte anos de carreira, de um álbum de tributo, que reúne outros tantos artistas, dos mais diversos estilos, para interpretar algumas das mais conhecidas 'malhas' do grupo.

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Explicitamente intitulado 'XX Anos, XX Bandas' (aproveitando a simbologia do X, desde sempre inerente à imagem da banda) o álbum em questão era lançado algures há vinte e cinco anos, nos últimos meses do Segundo Milénio, ainda mais do que a tempo de atingir o topo das tabelas de vendas, embora não de figurar na lista dos mais vendidos do ano. E se o próprio conceito do disco já era, só por si, suficiente para assegurar o sucesso do mesmo, a Valentim de Carvalho (a editora de sempre dos Xutos) não se ficou por menos, e, ao invés de lançar algo 'amanhado' aos Pontapés, reuniu a 'nata' musical portuguesa para prestar homenagem ao grupo, sem olhar a estilos musicais - ao longo destas duas dezenas de músicas pode ouvir-se desde o rap de Boss AC ou Da Weasel ao 'grunge' de Lulu Blind, passando pelo puro punk lisboeta de Despe & Siga e Censurados (estes últimos reunidos expressamente para gravar a sua faixa para o projecto, 'Enquanto a Noite Cai'), pelo rock gótico-teatral dos Mão Morta, pelo 'folk-punk' de Quinta do Bill e Sitiados e pelo trip-hop dos Cool Hipnoise. O foco maior fica, no entanto, por conta do pop-rock, segmento em que os Xutos & Pontapés se inserem, sendo o grupo de Tim e companhia aqui homenageado por 'colegas de cena' como Clã, Jorge Palma, Ornatos Violeta, GNR, Entre Aspas, Rádio Macau, Sétima Legião ou Rui Veloso, além dos Ex-Votos, projecto de Zé Leonel, membro fundador dos Xutos e figura-chave da cena 'punk' do bairro de Alvalade, com a qual o grupo mantinha laços estreitos numa fase inicial, e cujo primeiro álbum celebra também este ano três décadas de existência. Para a 'chuva de estrelas' ficar completa, só ficou mesmo a faltar um representantes do 'heavy metal', como Moonspell ou RAMP.

Com tal diversidade musical (e por parte de um alinhamento de luxo) não é de admirar que o principal foco de interesse de 'XX Anos, XX Bandas' seja mesmo descobrir como cada um dos artistas transformou o tema original para o adaptar ao seu estilo – tal como não se afigura surpreendente que os resultados sejam algo variáveis, embora mantendo sempre o alto padrão de qualidade expectável por parte dos nomes envolvidos. Goste-se mais ou menos de um ou outro tema, no entanto, seria difícil pedir melhor tributo à maior banda portuguesa de todos os tempos, ou melhor maneira de celebrar um marco como o dos vinte anos de carreira, que o grupo assinalou também com um lendário concerto no Festival do Sudoeste, em suporte a este mesmo disco. De facto, mesmo a um quarto de século de distância, 'XX Anos, XX Bandas' continua a constituir uma excelente experiência sonora, pelo que a melhor maneira de terminar este 'post' é mesmo com a partilha do álbum em causa, disponível na íntegra no YouTube, e que permite constatar e comprovar tudo o que sobre ele foi dito nas últimas linhas. Reservem, portanto, uma hora e vinte minutos, e desfrutem de uma 'constelação' de artistas a tocar algumas das mais icónicas canções da História da música moderna em Portugal.

24.11.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Embora a História do desporto-rei esteja repleta de jogadores que, após inícios auspiciosos em clubes menores, almejam prosseguir, consequentemente, a carreira em emblemas de maior dimensão (senão mesmo 'gigantes'), os atletas com capacidade de fazer a diferença no mesmo clube em duas ocasiões diferentes contam-se em bastante menor número. De facto, ainda que tais casos não sejam totalmente inauditos, os mesmos são, sem dúvida, suficientemente raros para que os jogadores capazes de integrar este grupo sejam merecedores de destaque. É, precisamente, o caso do futebolista a quem dedicamos as próximas linhas, um médio ofensivo 'à moda antiga' que celebra este Domingo o seu quinquagésimo-oitavo aniversário e que, há exactas trinta temporadas, regressava ao clube que o formara e lançara, para inscrever indelevelmente o seu nome na extensa lista de 'lendas' do mesmo.

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O jogador com a camisola que o consagrou no início e fim de carreira.

Regressado à Cidade Invicta já com honras de titular absoluto de Juventus e Mónaco, bem como de vencedor da última Taça UEFA da década de 80, ao serviço da 'Vecchia Signora', e finalista vencido da competição de 1991-92, pelo Mónaco (além dos títulos conquistados ao serviço do próprio Futebol Clube do Porto, na década anterior), poderia, à primeira vista, parecer que Rui Barros voltava ao Estádio das Antas já com tudo conquistado, para a proverbial 'reforma dourada'. O internacional português – então ainda a alguns meses de completar vinte e oito anos, e como tal, na flor da carreira - rapidamente desprovaria essa teoria, no entanto, mostrando, pelo contrário, ter ainda uma palavra a dizer no seio do seu clube 'do coração'. Tanto assim era que o médio-ofensivo não só conquistaria um lugar no onze inicial de um Porto fortíssimo e em plena fase hegemónica, como também se revelaria elemento crucial na até então inaudita caminhada rumo ao penta-campeonato nacional, que o Porto iniciaria logo na temporada seguinte. De facto, das seis épocas que realizou na sua segunda passagem pelo Porto, só na última (já à beira da reforma) Rui Barros perderia preponderância no plantel azul e branco, registando ainda assim dezasseis presenças ao longo da temporada 1999-2000, cujo final o veria retirar-se dos relvados, agora sim, já com tudo ganho.

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Rui Barros na função de técnico dos 'dragões'

Dada a lealdade demonstrada ao clube no qual passou mais de metade da sua carreira, não foi de todo surpreendente que, após a reforma como jogador profissional, Rui Barros tivesse sido integrado na estrutura do FC Porto, onde alternou funções de treinador adjunto e interino ao longo de mais de uma década (entre 2005 e 2016), tendo mesmo chegado a festejar a conquista da Supertaça de 2006 na condição de treinador principal da equipa sénior. Mais tarde, em 2018, o ex-fantasista dos 'dragões' assumiria o cargo de treinador das reservas do clube, cargo que ocuparia durante os três anos seguintes, antes de se trasladar para a função de olheiro, que desenvolve até hoje, não deixando de ser apropriado que um dos melhores criativos da História do clube portuense tenha, hoje, a função de descobrir novos talentos potencialmente ao seu nível – e, idealmente, com o mesmo grau de lealdade e amor à camisola por si demonstrado enquanto jogador profissional pelos dragões. Parabéns, e que conte ainda muitos.

23.11.24

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Já aqui anteriormente falámos dos esforços de sensibilização para a ecologia que foram uma das imagens de marca das décadas de 80 e, principalmente, 90; de igual modo, na última Saída de Sábado, abordámos alguns dos novos espaços verdes que esse mesmo foco na natureza ajudou a criar durante as referidas décadas, nomeadamente na região da Grande Lisboa. No entanto, não era apenas na capital que eram levados a cabo projectos de grande monta com vista à recuperação de espaços naturais, e das espécies que neles habitavam; pelo contrário, duas das três iniciativas mais famosas da época neste âmbito – todas focalizadas na recuperação de espécies consideradas à beira da extinção – tiveram lugar longe da capital.

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A primeira destas, com origem ainda nos anos 80, viu ser criada uma reserva natural na Serra da Malcata, no Norte de Portugal, com o objectivo de ajudar a reintroduzir no nosso País o animal que lhe serve até hoje de símbolo, o lince-ibérico. E ainda que a campanha em causa não tenha sido bem-sucedida – só décadas mais tarde, já nos anos 2020, é que a espécie voltaria a existir em Portugal, tendo mesmo sido dada como extinta no País pela Quercus, em 2007 – o espaço em si teve enorme impacto na conservação ecológica da área, mantendo-se até hoje como uma das principais áreas naturais protegidas do território nacional, além de proporcionar, desde a sua inauguração, uma excelente Saída de Sábado para as famílias residentes no Norte do País.

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Mais a Sul, concretamente na zona de Mafra, o projecto é outro, bastante mais bem-sucedido que o da Malcata, e com foco numa espécie igualmente ameaçada em Portugal. Em actividade desde 1987, e originalmente idealizado por um inglês, o Centro de Recuperação do Lobo Ibérico continua, até hoje, a albergar membros da referida espécie que, por uma razão ou outra, são incapazes de sobreviver em liberdade, servindo assim como uma espécie de associação de abrigo para os animais em causa. No entanto, longe de resguardar os seus animais do grande público - como o faria um canil, por exemplo – o Centro encoraja visitas, permitindo aos visitantes admirar os lobos a partir de torres estrategicamente colocadas para facilitar a observação sem com isso interferir ou afectar o quotidiano semi-selvagem dos animais ali abrigados. Uma visita mais do que recomendada, portanto, e que deverá fazer as delícias das gerações X e Alfa, tal como aconteceu com as dos seus pais.

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O terceiro e último projecto mediático de conservação de espécies com origem nos anos 90 – e único situado em Lisboa – teve como alvo o esquilo-vernelho, animal também de existência restrita em Portugal (e extinto em outros países, devido à literal invasão do esquilo-cinzento, espécie invasora e directamente concorrente) e que, na década em causa (concretamente em 1993) foi reintroduzido no Parque Florestal de Monsanto, espaço do qual falámos na última edição desta rubrica e onde, ainda hoje, pode ser observado.

Em suma, são muitos os espaços naturais criados nos anos 80 e 90 do século passado que, além da função declarada de protecção de espécies animais ameaçadas, constituem também, desde essa época destinos privilegiados para uma Saída de Sábado para 'miúdos e graúdos' com interesse pela natureza.

22.11.24

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Os últimos anos do século XX foram palco de uma das periódicas, mas nem sempre perceptíveis mudanças de paradigma no tocante a filmes dirigidos a um público alargado, que viu os 'blockbusters' leves e divertidos e dramalhões sisudos de meados da década darem, progressivamente, lugar a filmes que amalgamavam os dois géneros, conseguindo a proeza de ser declaradamente comerciais e, ao mesmo tempo, ter alguma substância, além de apresentarem um tom consideravelmente mais sério do que muitos dos seus antecessores. Este novo paradigma ficava muitíssimo bem ilustrado em filmes como 'Matrix', 'Equilibrium', 'O Projecto Blair Witch', 'O Sexto Sentido', 'Homem Na Lua' ou o filme de que falamos neste post, sobre cuja estreia em Portugal se comemoraram há cerca de dez dias os vinte e cinco anos; e porque essa data coincidiu com a pausa para 'recarregar baterias' deste nosso 'blog', nada melhor do que aproveitar esta oportunidade para rectificar esse erro, e falar de 'Clube de Combate'.

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Ainda hoje conceituado e desanimadoramente actual, o clássico de David Fincher – baseado num não menos clássico livro do autor de culto Chuck Palahniuk – 'aterrava' nas salas de cinema a 12 de Novembro de 1999, a tempo de injectar uma dose considerável de psicose e trauma psicológico ao normalmente 'leve' mercado cinematográfico de Natal. Com os papéis principais divididos entre Edward Norton – do não menos perturbante 'América Proibida' – e Brad Pitt – em plena fase de afirmação como actor 'sério', após a excelente prestação em 'Seven – Sete Pecados Mortais' – com a 'ajuda' da especialista em personagens psicologicamente desequilibradas, Helena Bonham Carter, o filme afirmava-se desde logo como desafiante devido à longa duração. De facto, numa época em que a maioria dos filmes se cingia ainda à marca das duas horas, Fincher 'esticava' a história de Tyler Durden, do seu 'comparsa' no titular Clube de Luta (do qual nunca se sabe o nome) e da disfuncional namorada deste, Marla Singer, a quase duas horas e meia, as quais permitiam explorar cada recôndito das psicoses dos três personagens, a caminho de uma das mais clássicas 'reviravoltas' da História do cinema, poucos meses antes de 'O Sexto Sentido' ter definido o novo padrão para as mesmas.

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O icónico duo de protagonistas do filme.

O resultado é um filme declaradamente e propositalmente pesado, mas cuja exploração de problemas psicológicos, violência explícita (geradora, à época, de enorme controvérsia) e 'frases de efeito' marcantes não podiam deixar de agradar ao sector mais velho da geração 'millennial' (bem como aos 'X' mais novos), os quais acorreram aos cinemas naquele mês de Novembro, para ajudar a tornar o filme de Fincher num sucesso de bilheteiras tão grande em Portugal como o fôra no resto do Mundo, e fazer dele um dos filmes mais memoráveis de um ano já de si recheado de êxitos que se viriam a afirmar mais ou menos intemporais. E ainda que 'Clube de Combate' talvez não seja o maior destes – 1999 foi, afinal de contas, o ano de lançamento de 'Matrix', 'O Projecto Blair Witch', 'O Sexto Sentido', 'American Pie' ou 'Notting Hill', entre outros – o filme de David Fincher merece ainda assim, sem qualquer dúvida, um lugar nesse panteão, como uma das obras contemporâneas que melhor balanceia a seriedade do cinema independente com elementos de 'blockbuster', na única época da História da Sétima Arte em que essa combinação poderia almejar sucesso generalizado.

21.11.24

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

Os anos 90 foram palco de uma espécie de 'renovação' no sector das bolachas em Portugal, com alguns nomes clássicos dos anos 80 a serem progressivamente descontinuados, e a darem lugar a novas propostas de cariz mais internacional, como as famosas Oreo. Ainda assim, o país vizinho continuava a ser o principal fornecedor estrangeiro de bolachas, sobretudo através da sua mais famosa produtora, a Cuétara, que se posicionava como principal rival da portuguesa Triunfo no mercado nacional do sector – uma posição que seria reforçada nos últimos anos do século XX, com o surgimento em Portugal de uma variedade de bolacha que se provaria duradoura o suficiente para permanecer à venda três décadas depois: a hoje clássica Tosta Rica.

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Embalagem 'de época' da bolacha em causa, no caso alusiva ao popularíssimo 'anime' de Pokémon

À primeira vista apenas uma típica bolacha recheada (embora absolutamente deliciosa, ao nível das melhores alguma vez comercializadas no nosso País), o segredo da Tosta Rica revelava-se ao analisar mais atentamente as suas 'mini-sanduíches', cada uma das quais trazia nos dois lados um desenho, traçado a castanho acima do logotipo da marca. E se, numa primeira fase, estes desenhos eram apenas ilustrações genéricas, pouco tardou até a Tosta Rica principiar a obter algumas das mais atractivas licenças infanto-juvenis disponíveis à época, e a substituir os desenhos iniciais por personagens ou motivos alusivos a cada uma delas. Esta segunda fase ficou, também, marcada pela oferta, em cada caixa de bolachas, de um pequeno brinde simbólico, um gesto tão ao gosto do público-alvo da época e que ajudou a que as bolachas em causa se destacassem em meio a um mercado variado e com muitos atractivos. Tanto assim que, trinta anos volvidos, a marca continua presente nos supermercados e hipermercados nacionais, talvez já sem a força que outrora teve, mas ainda assim pronta a fazer as delícias de toda uma geração de crianças, tal como sucedeu com os seus pais...

20.11.24

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Independentemente do seu posicionamento dentro da geração 'millennial' (quer nascidos nos anos 80, quer já nos 90) todos os portugueses de uma certa idade têm em comum a experiência de ver passar na televisão, em pleno horário nobre, um curto segmento musical animado, cuja única função expressa era assinalar a divisória entre o conteúdo familiar e os programas mais explicitamente dirigidos a um público adulto, mas que muitos pais utilizavam como sinal oficial de que era hora de os mais novos irem para a cama; e embora as duas parcelas da geração em causa tenham conhecido 'canções' bem diferentes, ambas veriam o protagonista da animação em causa extravasar o contexto da mesma, tornando-se parte da cultura popular infantil como um todo, e dando origem a diversos produtos com a sua figura. Para os 'millennials' mais velhos, essa figura foi o Vitinho; para os mais novos, foi o Patinho. E se o menino agricultor de jardineiras surgiria em contextos tão díspares quanto caixas de farinha láctea e autocolantes para o carro, o seu congénere antropomórfico não lhe ficaria atrás, gerando desde CD's de música a bonecos de vinil, e tendo mesmo direito à sua própria tirinha de banda desenhada, algo que o seu antecessor nunca almejara.

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De facto, os últimos meses do século XX viram surgir na então ainda muito popular revista semanal TV Guia um novo segmento de banda desenhada, com o não menos popular patinho de fato de marinheiro como protagonista. Com um estilo muito parecido ao da animação que lhe dera fama, e com argumentos da autoria do próprio criador da mesma, Rui Cardoso (membro da companhia de animação Animanostra) o Patinho encontraria aqui ainda mais uma forma de cativar o seu público-alvo, tendo as tirinhas em causa feito parte integrante da revista durante pelo menos um ano, de 4 de Setembro de 1999 até ao mesmo mês do ano seguinte, sendo possível que a sua publicação se tenha ainda estendido por mais algum tempo.

Mesmo após perder o lugar semanal, no entanto, o referido segmento lograria ainda manter-se 'à tona' do imaginário infantil através de uma edição em álbum de capa dura, lançado ainda nos primeiros meses do Novo Milénio pela própria TV Guia, e no qual eram reunidas quarenta e cinco das histórias criadas por Cardoso ao longo do período em causa. E apesar de a fama e relevância do Patinho não terem perdurado durante muito mais tempo após esse ponto (a BD em causa apenas poderia ter sido criada e editada com sucesso num intervalo de tempo tão específico quanto estreito), há que reconhecer ao personagem em causa (à época bastante divisor de opiniões) a capacidade de cativar a 'sua' audiência, e de aproveitar ao máximo os seus 'quinze minutos de fama', não só no seu formato original no pequeno ecrã mas também, mais inesperadamente, dentro dos painéis de uma tirinha de banda desenhada, numa transição nem sempre fácil, mas que o mesmo efectuou com relativo sucesso.

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