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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

11.08.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sábado, 10 de Agosto de 2024.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Para grande parte das crianças portuguesas, independentemente da geração, a chegada das férias grandes é sinónimo de uma temporada na praia, ou, alternativamente, de deslocações frequentes à mesma; e, para as crianças de uma certa idade dos anos 80 e 90, havia um elemento que jamais poderia faltar num Sábado aos Saltos no meio da areia – as forminhas.

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Um conjunto de praia bem típico da época.

Disponíveis nas mais variadas formas e feitios – embora privilegiando curvas arredondadas – e em modelos tanto mais simples quanto mais elaborados e complexos, estes moldes em plástico colorido constituíam, a par dos castelos de areia feitos com recurso ao balde, uma das actividades preferidas dos portugueses mais pequenos durante grande parte do século XX, mantendo-se essa apetência ainda bem viva à entrada para a última década do mesmo. Isto porque a sensação de conseguir fazer a forma mesmo 'perfeitinha' – com todos os painéis do casco da tartaruga ou recortes das torres do castelo – proporcionava uma sensação de orgulho, mesmo tendo noção de que mais ninguém iria admirar a 'obra de arte', e de que a mesma seria provavelmente destruída ou refeita dentro de poucos momentos.

Tal como muitos dos nossos outros tópicos neste blog, as forminhas também acabaram, eventualmente, por 'passar de moda', tendendo a já não fazer parte dos conjuntos de praia vendidos nas lojas portuguesas da actualidade, ao contrário do que sucede com o balde ou a pá. Para quem cresceu a deixar o 'carimbo' de maçãs, tartarugas ou estrelas na areia, no entanto, este tipo de brincadeira será para sempre parte integrante das memórias dos Verões de infância, um tempo mais simples, em que uma peça de plástico colorido cheia de areia era capaz de proporcionar muitos bons momentos.

11.08.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sexta-feira, 9 de Agosto de 2024.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Todo o jovem dos anos 90 os usou, ou conheceu alguém que usasse, e sentiu um ligeiro sentimento de vergonha, quer própria, quer alheia. Falamos dos fatos de banho em formato 'slip', conhecidos por diversos nomes (sendo os mais comuns sunga, tanga ou Speedo) e que, num período de menos de dez anos, passaram de ícone de moda 'praieira' a motivo de embaraço para qualquer veraneante que não fosse praticante de natação.

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De facto, entre finais dos anos 80 e o Novo Milénio, esta peça de vestuário veranil passou de 'farda' obrigatória de qualquer 'pintas' que quisesse impressionar o sexo oposto a repelente activo do mesmo, sendo quase exclusivamente extinto do cenário estival português em favor do universal calção de banho, ainda hoje a peça-padrão para o sexo masculino. A tanga ficou, assim, temporariamente restrita a uma demografia infantil muito nova, antes de mesmo essa passar também a usar calção, remetendo a antecessora para o domínio exclusivo da piscina de competição, onde o formato da referida peça era favorecido por ajudar à deslocação aerodinâmica do atleta. Já para todos os outros grupos de portugueses com cromossomas XY, o 'slip' da Speedo ou de qualquer outra marca passou a vestimenta praticamente proibida no contexto da praia, sob pena de quem a usasse ser vítima de 'gozo' por parte dos pares – situação que, aliás, se mantém até aos dias de hoje. Com a recente vaga de nostalgia pelas décadas de 80 e 90 é, no entanto, bem possível que a sunga volte a estar na moda a dado ponto num futuro próximo – embora, para quem a usou em criança ou adolescente e conheça as gerações Z e Alfa, tal cenário se afigure muito pouco provável...

 

09.08.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 8 de Agosto de 2024.

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

Hoje em dia, o monopólio da Olá sobre o mercado dos gelados portugueses é evidente e incontestado, sobretudo após a assimilação da Ben & Jerry's ao catálogo – antes a principal concorrente ao 'trono' da multinacional. Nos anos 90, no entanto, o referido campo de negócios apresentava-se bastante mais aberto, oferecendo condições bastante mais favoráveis ao aparecimento de concorrência – condições essas que acabariam por ser aproveitadas não por uma, mas por duas marcas, gerando uma 'luta a três' que, apesar de longe de ser equilibrada, dava ainda assim mais opções à juventude portuguesa no tocante a guloseimas congeladas, até por cada uma das três produtoras ter pelo menos uma característica que a demarcava das rivais.

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No caso da Camy, por exemplo, o chocolate dos gelados era muito melhor que o da Olá – o que não surpreendia, já que a marca surgia obviamente ligada à Nestlé, bastando olhar para o logotipo que ambas utilizavam à época para perceber a conexão. Surpreendente era, portanto, apenas o facto de a Camy não ser tão conceituada entre a juventude portuguesa como a concorrente, dada a reputação (e consequente estatuto hegemónico) da Nestlé no campo dos doces e chocolates – apesar de a distribuição bem mais reduzida e localizada que a da concorrente não deixar de ter algum impacto neste campo. De facto, apesar de nada deixar a desejar à rival no tocante a qualidade, a Camy tinha uma presença muito mais esporádica do que esta nos cafés e praias de Portugal, nunca conseguindo por isso ultrapassar o seu estatuto de 'segunda classificada' – uma espécie de 'versão gelada' do Bimbocao, sendo a Olá o equivalente ao Bollycao nesta analogia. Ainda assim, para quem era 'conhecedor' de gelados, havia muito do que gostar no cartaz da Camy, a começar pelas deliciosas sanduíches geladas,bem melhores do que qualquer coisa que a hoje hegemónica concorrente alguma vez tenha apresentado nesse campo.

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Se a Camy sofria de distribuição esporádica, no entanto, que dizer da Menorquina? Quase tão popular em Espanha como a própria Olá (ou Frigo, como é conhecida no país vizinho) a gelataria oriunda das Canárias e com origem na década de 40 encontrava-se, cinquenta anos depois, em processo de expansão internacional, mas a sua penetração no mercado nacional não era, ainda, suficiente para lhe permitir aspirar a algo mais que um distante terceiro lugar. Tal como no caso da Camy, no entanto, a gelataria espanhola apresentava pontos fortes bastante distintos para quem se dava ao trabalho de investigar, sendo a qualidade dos seus gelados, sobretudo dos recheios, também bastante superior ao da cada vez mais processada Olá.

No 'momento da verdade', no entanto, a ubiquidade e o 'marketing' falavam mais alto, garantindo à Olá o 'lugar de ouro' no pódio desta 'contenda' noventista. Prova disso, aliás, é que as duas concorrentes parecem ter ficado, definitivamente, para trás, com a Menorquina a 'voltar-se para dentro' e a focar-se no mercado espanhol, e a Nestlé a continuar a surgir da mesma forma esporádica que há trinta anos, cedendo cada vez mais terreno à Olá. Mas se as Gerações Z e Alfa já não deverão saber o que é ter várias marcas de gelado por onde escolher, os seus pais recordam bem uma época em que era possível optar por entre múltiplas fabricantes, cada uma com as suas 'especialidades', e deixar que fosse o gosto pessoal a decidir, não só o tipo de gelado, mas também a marca do mesmo...

08.08.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quarta-feira, 5 de Agosto de 2024.

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

Apesar de menos populares do que os campeonatos internacionais de futebol, os Jogos Olímpicos não deixam, ainda assim, de cativar a imaginação da população a ponto de motivarem não só linhas de 'merchandising' com as respectivas mascotes, mas também obras relativas à sua História e evolução, quer sejam dirigidas a um público jovem e apresentadas em formato de banda desenhada, quer se destinem a uma demografia verdadeiramente interessada na temática em causa, como no caso do volume de que falamos nesta publicação.

 

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(Crédito das fotos: CustoJusto)

Intitulado '100 Anos de Jogos Olímpicos 1896-1996', o luxuoso livro encadernado publicado pela Temas & Debates por altura dos Jogos de Atlanta tem como propósito, como o próprio título indica, oferecer uma retrospectiva histórica das Olimpíadas modernas, do seu surgimento em finais do século XIX, até à actualidade de então, com recurso a fotografias de arquivo (tanto a preto e branco como a cores) que serviam como complemento do texto. Uma obra bem típica do seu género – que pode facilmente ser comparada ao contemporâneo 'Glória e Vida de Três Gigantes', publicado pelo jornal 'A Bola' - mas que nem por isso deixava de ter interesse para fãs do tema que abordava, e de constituir uma adição meritória à colecção de livros de tipo enciclopédico dos mesmos – ainda que, hoje em dia, se encontre bastante desactualizado. ou não tivessem passado quase três décadas desde a sua edição... Ainda assim, para quem gosta de conhecer um pouco mais a fundo a História das competições desportivas modernas, ou simplesmente deseja alimentar um pouco a nostalgia por tempos mais simples, este não deixa de ser um tomo interessante a procurar, até por ser de relativamente fácil aquisição em sites de leilões na Internet.

07.08.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Terça-feira, 06 de Agosto de 2024.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Nos anos 90, como hoje em dia, a RTP era a grande veiculadora de eventos desportivos para as massas portuguesas – um paradigma que, aliás, apenas principiaria a ser quebrado aquando da repartição dos direitos de transmissão do Campeonato Europeu de Futebol de 2000, que veria, pela primeira vez, a SIC ter direito a mostrar alguns dos jogos de um certame internacional. Não é, pois, de admirar que a RTP tenha, também, sido a televisão 'oficial' das Olimpíadas noventistas em Portugal, fazendo chegar a lares nacionais e internacionais as proezas de atletas de todas as nacionalidades e especialidades - entre eles a representante lusa do atletismo, Fernanda Ribeiro, que, em 1996, estabeleceria em plena cidade de Atlanta, nos Estados Unidos, um novo marco para a prova dos cem metros femininos, trazendo para 'casa' a primeira medalha de Ouro da História do Portugal olímpico, num momento a que muitos assistiram em directo, precisamente graças à televisão estatal. Abaixo deixamos esse momento ímpar na História olímpica portuguesa, ocorrido há quase exactamente vinte e oito anos, e que urge preservar para sempre como marco histórico do desporto nacional.

06.08.24

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Na era pré-MP3 e 'streaming', proliferavam no mercado as compilações em CD e LP, visando a larga fatia de público melómano que apenas conhecia (e queria conhecer) uma ou duas músicas de cada artista, ou possuir uma colecção de 'malhas' da qual desfrutar sem grandes compromissos. E ainda que este tipo de lançamento fosse transversal a todos os estilos musicais, o mesmo era particularmente popular e ubíquo no contexto da música popular portuguesa, sobretudo a vulgarmente chamada 'música pimba'. Isto porque a Vidisco, principal editora musical portuguesa, era também 'casa' da maioria dos artistas deste género, e não tinha quaisquer pruridos em lançar números incontáveis de CD's com as músicas dos mesmos, os quais acabavam, invariavelmente, a 'povoar' os tradicionais escaparates de discos e 'cassettes' frequentemente encontrados em tabacarias ou bombas de gasolina daquele Portugal da viragem do Milénio. Muitos destes lançamentos tinham carácter anual, de forma a actualizar o alinhamento com os mais recentes sucessos de cada artista; no entanto, há cerca de um quarto de século, a editora tentou algo declaradamente diferente, lançando para o mercado, em simultâneo, nada menos do que dezasseis (!) volumes de música, cada um subordinado a um tema geral e que, juntos, formavam uma colecção, a que a editora chamou 'Top Portugal'.

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Os dezasseis volumes da colecção, lançados no mercado em simultâneo.

Compostos exclusivamente por artistas nacionais de vertente popular (embora nem todos se inserissem no estilo 'pimba') os discos da referida colecção procuravam reflectir temáticas de índole romântica, nacionalista e saudosista, apelando àqueles sentimentos que todos os portugueses nutrem tanto pelo seu País como uns pelos outros. 'Melodias de Portugal', 'Creio Em Ti', 'Vale A Pena', 'Vamos Dançar' ou 'Bailarico No Arraial' eram apenas alguns dos títulos em torno dos quais se reuníam músicas de artistas de todo o espectro popular, de Marante, Cândida Branca Flor, Diapasão ou Nucha a Ágata, Emanuel, José Malhoa, Romana ou Saul, sendo o 'peso' de cada uma destas vertentes ditado pelo tema escolhido para o disco, tendo os volumes de dança maior preponderância de artistas 'pimba', e os restantes maior ênfase em cantores românticos. Esta estratégia permitia, idealmente, apelar a toda a demografia de fãs de música popular e de baile portuguesa, maximizando assim o potencial de vendas da colecção. E a verdade é que, apesar de não ser hoje tão conhecido ou lembrado como as séries 'Número 1', 'Electricidade', 'Caribe Mix' ou outras semelhantes, 'Top Portugal' constitui uma excelente cápsula temporal da música popular portuguesa de finais do Segundo Milénio, e será ainda capaz de despertar nostalgia em todo um sector da sociedade que terá crescido a ouvir estas músicas em 'repetição' no leitor de CD lá de casa...

04.08.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

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Nos últimos meses da década de 70, o futebol português via nascer mais uma competição, a juntar aos campeonatos nacionais e à Taça de Portugal: a Supertaça Cândido de Oliveira, troféu designado em homenagem ao lendário jogador e treinador que põe frente a frente os vencedores das duas outras competições. E embora as características do panorama futebolístico nacional não permitam grandes surpresas, tornando algo previsível quais as duas equipas que se irão defrontar, a História do troféu reservou, ainda assim, lugar a surpresas, embora a hegemonia de Sporting, Benfica e FC Porto apenas por três vezes tenha sido quebrada nos já quarenta e cinco anos de vida da competição. Agora, no rescaldo de mais uma Supertaça (ganha de forma tão impressionante quanto mirabolante pelo FC Porto) nada melhor do que recordar esses 'intrusos' que, embora apenas por uma época, lograram 'roubar' uma Taça aos três 'grandes' nacionais.

A primeira dessas três 'intromissões' deu-se ainda na década de 1980, quando o Vitória de Guimarães, capitaneado por Nando e com Neno na baliza, levou para casa o troféu da época 1987-88, após bater por um agregado de 2-0 o Porto de Quinito, que contava com nomes como João Pinto, Augusto Inácio, António André, Jaime Pacheco, Domingos ou Rui Águas, e que havia, nesse ano, feito a 'dobradinha', derrotando precisamente a equipa de Geninho na final da Taça de Portugal. Os vimaranenses tornavam-se assim, ainda que sem o saberem, a única equipa fora do eixo Lisboa-Porto a vencer a competição, e realizavam um feito e que apenas mais uma equipa conseguiria igualar em toda a História da competição – curiosamente, outra agremiação alvinegra, embora neste caso as cores surgissem em padrão axadrezado.

Falamos, claro, do Boavista, que, por duas vezes na década de 90, 'bateu o pé' a um 'grande' – primeiro em 1992 e em seguida cinco anos depois, em 1997, ambas contra o FC Porto. O primeiro destes dois triunfos viu a equipa então treinada por Manuel José, e que tinha como capitão o histórico Paulo Sousa, eliminar a equipa de Carlos Alberto Silva, após dois 'derbies da Invicta' repletos de golos, o primeiro dos quais veria os axadrezados vencer por 3-4 em plenas Antas, para depois segurar (e assegurar) um empate a duas bolas em casa, no Bessa. De ressalvar que, dessa equipa do Boavista, faziam parte, além de Paulo Sousa, nomes como Lemajic, Rui Bento, Caetano, Litos ou o 'Grande dos Pequenos' axadrezado, Bobó, que faziam frente ao Porto de Baía, Fernando Couto, Aloísio, Paulinho Santos, Timofte, Kostadinov, Domingos, Jorge Costa e Jorge Couto.

Já a segunda vitória, obtida em Agosto de 1997, veria os homens de Mário Reis, ainda com Paulo Sousa como capitão e agora com o bem conhecido Ricardo na baliza (além do também 'famoso' matador Ayew na frente) levar de vencida a turma de António Oliveira por um resultado agregado de 2-1, tendo a equipa axadrezada vencido em casa por 2-0 antes de ir perder às Antas por margem mínima, a qual não foi suficiente para lhe retirar o troféu. A equipa de Ricardo, Paulo Sousa, Rui Bento, Isaías, Martelinho, Delfim e do 'matador' Ayew Kwame (muitos com passagem passada ou futura pelos 'grandes') lograva assim conquistar um dos poucos troféus perdidos pelo Porto da fase hegemónica, que, na época em causa, contava com nomes tão conhecidos dos adeptos da altura como Rui Jorge, Sérgio Conceição, Drulovic, Zahovic, Chippo, Folha, Capucho e, claro, Mário Jardel, além do 'perene' Paulinho Santos.

Assinalar-se-ia assim a última vez que uma equipa fora do 'triumvirato' de Sporting, Benfica e Porto levaria para casa a Supertaça, pelo menos até à data de publicação deste 'post'. Numa era em que o desnível entre equipas se tende cada vez mais a reduzir, não é, no entanto, impossível ou impensável que outra agremiação consiga repetir tal façanha – sendo que, por exemplo, o Sporting de Braga deu muito trabalho ao seu homónimo lisboeta ainda há poucos anos, sucumbindo já perto do fim do jogo; e se o formato de 'jogo único' torna impossível uma vitória por agregado, como as conseguidas pelos clubes acima descritos, a verdade é que a remontada do Porto na edição 2024 do certame prova que tal desiderato pode perfeitamente ser atingido num jogo de 90 ou 120 minutos. Têm a palavra as restantes quinze equipas actualmente no escalão principal nacional...

03.08.24

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

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O final do mês de Julho era, nos anos 90 e 2000, sinónimo com o início das férias grandes - oito maravilhosas semanas de brincadeiras, campismo, idas para casa de familiares, alugueres junto à praia, colónias de férias, acampamentos de escuteiros ou até, para os mais sortudos, viagens ao estrangeiro, a locais tão excitantes como a Eurodisney ou o Parque Astérix. Quem não pudesse ou quisesse usufruir de qualquer destas opções, no entanto, tinha ainda assim forma de passar umas férias relativamente divertidas, bastando para isso inscrever-se num dos muitos programas de férias desportivas ou actividades diárias fomentados por escolas, paróquias, Juntas de Freguesia e clubes desportivos de Norte a Sul do Portugal da época.

Embora cada um tivesse, claro está, as suas particularidades, os programas deste género tendiam a dividir-se em duas grandes categorias: por um lado, os focados na divulgação, entre os mais novos, de outros desportos que não apenas o futebol, e, por outro, aqueles que serviam como uma espécie de colónia de férias sem a vertente residencial, isto é, com as crianças a regressarem a casa ao fim de cada dia de praia, piscina ou qualquer outra aventura planeada para esse dia. Ambos os estilos eram bastante populares, sendo que a opção por uma ou outra estava, normalmente, ligada à localização do programa ou à afiliação da família – isto é, as crianças tendiam a ir para o programa que ficasse mais perto de sua casa, ou que fosse organizado pela sua paróquia, escola, centro recreativo ou Junta de Freguesia. Em alternativa, era também tido em consideração o preço, embora este tipo de iniciativa tendesse a ter custos praticamente nominais, por forma a ser acessível a famílias menos abonadas.

Tal como tantas outras actividades, produtos ou programas de que falamos nestas páginas, também este tipo de actividade tendeu a perder proeminência de forma quase imperceptível, sendo difícil a quem não está atento, envolvido ou interessado nos programas em causa perceber a considerável redução no volume dos mesmos ao longo das últimas duas décadas. Para uma determinada geração de portugueses, no entanto (hoje na casa dos vinte e cinco a quarenta anos) esta foi, durante toda a infância, uma das muitas opções válidas para passar aqueles longos dois meses antes do regresso às aulas – e, enquanto pais, é de imaginar que esses mesmos (hoje) homens e mulheres vissem com bons olhos o regresso desse tipo de programa, a fim de manter os seus próprios filhos ocupados durante as aparentemente intermináveis férias grandes...

02.08.24

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

A adaptação de desenhos animados episódicos em filmes de 'acção real' é, hoje em dia, um dos esteios da produção infanto-juvenil em Hollywood; no entanto, as raízes desta prática remetem a finais do século XX, época que viu surgirem as primeiras tentativas de trazer personagens animados para o mundo real. E se, hoje em dia, a prática vigente é colocar o próprio boneco, criado em CGI, no meio de actores de 'carne e osso', de modo a salientar as diferenças entre os dois, os anos 80, 90 e 2000 tinham uma abordagem algo diferente, em que os personagens em si surgiam como pessoas reais, interpretadas por actores invariavelmente bem caracterizados, de forma a que se assemelhassem aos seus 'equivalentes' animados.

Curiosamente, muitas das adaptações desta primeira fase centravam-se sobre propriedades intelectuais já, à época, com várias décadas de existência, mas que continuavam a gozar de relativa relevância e sucesso entre as crianças e jovens, fosse por conta das repetidas transmissões dos episódios na televisão ou por via de uma associação a outro meio, como o da banda desenhada. Entre os numerosos exemplos 'de época' deste paradigma incluem-se Dennis o Pimentinha, Riquinho, e os personagens cujos filmes abordamos nesta publicação, a poucos dias do trigésimo e vigésimo-quarto aniversários das suas estreias em Portugal: as famílias pré-históricas mais famosas de sempre, Fred e Wilma Flintstone e Barney e Betty Rubble.

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Chegado às salas de cinema portuguesas a 5 de Agosto de 1994, o simplesmente intitulado 'Os Flintstones' cativava de imediato os inúmeros jovens lusos que vinham, há vários anos, seguindo as aventuras animadas dos personagens titulares em programas como 'Oh! Hanna-Barbera'. Para esta demografia, era nada menos do que entusiasmante ver Fred, Wilma, Barney, Betty e restantes habitantes de Bedrock em versões de 'carne e osso' mais do que fiéis às animadas, com um elenco aparentemente escolhido a dedo e perfeitamente caracterizado. E dizemos 'aparentemente' porque, acredite-se ou não, Rick Moranis (que É Barney Rubble, capturando na perfeição os trejeitos e até a voz deste) não foi a primeira escolha do realizador Brian Levant, que queria Danny DeVito no papel – uma escolha que faria sentido do ponto de vista da estrutura física, mas que, no restante, ficaria bem mais distante do Barney animado do que a versão de Moranis.

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O elenco do primeiro filme recriava na perfeição os seus equivalentes animados.

O actor de 'Querida, Encolhi Os Miúdos!' encontra-se, aliás, em excelente companhia, em meio a um elenco de luxo no tocante a comédia em meados da década de 90. A escolha de John Goodman como Fred Flintstone é lógica a pontos de ser óbvia, dadas as parecenças físicas e vocais naturais entre o actor e o personagem, enquanto Rosie O'Donnell e Elizabeth Perkins vivem quase na perfeição a leviana Betty Rubble e a paciente Wilma Flinstone. A completar o elenco surgem ainda Elizabeth Taylor, no papel de sogra de Fred, Kyle McLachlan como o vilão, uma jovem e lindíssim Hale Berry (no papel de uma secretária de nome...Sharon Stone) e, claro, os BC-52's, ou seja, os B-52's 'trajados a rigor' em roupas pré-históricas, que se encarregam de criar uma versão bem 'gingada' do icónico tema da série, ajudando a criar o ambiente vivido em Bedrock.

Como qualquer boa adaptação de desenho animado, no entanto (e este primeiro filme dos Flintstones insere-se nessa categoria) a película não se contenta em recriar os personagens em 'carne e osso', introduzindo-os numa trama suficientemente complexa para durar perto de duas horas, sem no entanto ficar longe das histórias dos episódios; e se Dennis, o Pimentinha se via a braços com um bandido, Fred, Barney e companhia enfrentam um executivo sem escrúpulos que pretende reduzir o número de empregados da pedreira onde Fred trabalha, bem 'desviar' fundos dos cofres do patrão, Mr. Slate – usando o pouco perspicaz patriarca como 'bode expiatório'. Uma história que abre espaço tanto aos momentos cómicos pelos quais a série é conhecida, como a outros mais dramáticos, sobretudo ligados às situações financeiras e sociais de Fred, Wilma e respectivos vizinhos e amigos, os quais acabam de adoptar uma criança.

Conforme já demos a entender, o resultado desta mistura de ingredientes é uma das melhores adaptações de sempre de um desenho animado ao grande ecrã, totalmente fiel ao espírito da série original, com excelentes interpretações e caracterização, e uma banda sonora 'gingada', bem merecedora de ser lembrada por alturas do seu trigésimo aniversário, e que deixava a base perfeita a partir da qual criar uma sequela...ou talvez não.

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Isto porque 'Os Flintstones em Viva Rock Vegas', lançado em Portugal a 4 de Agosto de 2000, quase exactamente seis anos depois do original, é unanimemente considerado um péssimo filme, com orçamento muito mais reduzido, e já sem o envolvimento de Steven Spielberg (que, enquanto produtor, muito ajudara ao 'clima' e recursos à disposição do filme original) ou de qualquer dos actores de 1994. De regresso, portanto, apenas Brian Levant, que colmatava a ausência de Goodman, Moranis e restantes 'estrelas' com a aposta num formato de prequela. 'Viva Rock Vegas' segue, pois, as aventuras dos quatro personagens na sua visita à cidade titular, na época em que ainda eram jovens e solteiros, procurando mostrar a génese dos dois casais principais.

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As versões jovens dos dois casais protagonistas.

A presença de um dos irmãos Baldwin (Stephen, que interpreta Barney) e do muito acarinhado extraterrestre, The Great Gazoo, não ajuda, no entanto, a disfarçar as carências do filme, o qual, conforme mencionado, fica muito aquém do original em todos os aspectos, sendo ainda hoje alvo de acintosas críticas. Apesar de inicialmente entusiástico, o público infanto-juvenil também não se deixou 'levar' na cantiga de Levant, e o filme acabou por se revelar um fracasso de bilheteira, terminando prematuramente com aquela que poderia ter sido uma interessante franquia cinematográfica.

Apesar deste final pouco feliz, no entanto, Fred, Barney, Betty e Wilma afirmaram-se, ainda assim, como protagonistas de um dos melhores e mais divertidos filmes da primeira vaga de adaptações animadas, e que continua, ainda hoje, a ser uma proposta bem divertida para uma Sessão de Sexta em família – desde que, claro está, não se cometa o erro de o 'emparelhar' com a sequela...

 

 

01.08.24

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Já aqui anteriormente falámos das revistas cor-de-rosa, ainda hoje o 'prazer secreto' de muitos portugueses e portuguesas, sobretudo das gerações mais velhas. Por muito popular que este mercado seja hoje em dia, no entanto, a sua dimensão, volume e espectro não se comparam com aqueles de que esse nicho da imprensa escrita gozava nos anos 80 e 90, quando a absurda 'saúde' do mesmo chegava a permitir criar publicações hiper-especializadas,focadas não apenas nas 'fofocas' e grelhas de programação nacionais, mas nas 'fofocas' e grelhas de programação nacionais de um único estilo de programa televisivo. É o caso da publicação que trazemos da nossa última visita ao Quiosque, a qual surpreendentemente, subsiste até aos dias de hoje, com o formato praticamente inalterado, tornando-a num exemplo cada vez mais raro de longevidade no contexto da imprensa escrita nacional.

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Fundada logo nas primeiras semanas do ano de 1998, a revista 'Telenovelas' era encabeçada pelo fundador José Rocha Vieira e pela malograda Teresa Pais, que havia anteriormente passado pela 'Élan' e pela 'Teenager', e deixava desde logo claro o seu propósito: divulgar não só as tramas dos episódios semanais de cada telenovela então em exibição em Portugal, mas também fofocas, curiosidades e efemérides sobre as estrelas das mesmas, além das habituais secções sobre beleza, moda, sexo, saúde e bem-estar. Um conceito que não podia deixar de agradar a uma certa 'fatia' de público nacional, para quem este tipo de programa constituía, a par dos 'talk-shows', o expoente máximo da televisão, pelo que não será de admirar que muitos elementos das gerações hoje na casa dos trinta a quarenta anos tenham crescido com vários números desta revista na mesa da sala lá de casa, em meio às 'TV Guia' e outras revistas semelhantes, ou folheado as mesmas durante uma visita ao médico ou ao cabeleireiro, entre um número antigo da 'Elle' ou 'Vogue' e outro da 'Casa Cláudia' ou 'Guia'.

Mais surpreendente é o facto de, conforme acima mencionado, a revista se ter mantido 'viva' até aos dias de hoje, sobrevivendo à 'purga' da imprensa escrita causada pelos 'media' digitais, não obstante várias mudanças de pessoal, e até de editora. Hoje sob a alçada do grupo Trust In News, que a adquiriu em 2018 ao grupo Impresa, a publicação em causa constitui, pois, um dos poucos exemplos de 'fósseis vivos' daquela era de ouro da imprensa 'cor-de-rosa' portuguesa, sendo merecedora de atenção por quem queira ter uma experiência o mais próxima possível do que era ler uma revista do seu tipo em finais do século XX e inícios do seguinte.

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