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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

22.10.23

NOTA: Este post é respeitante a Sábado, 21 de Outubro de 2023.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

De entre as Saídas de Sábado que, apesar de frequentes, nunca deixavam de causar alguma antecipação, a ida à tabacaria ou quiosque perde apenas para a ida ao café, jardim ou parque infantil em termos de memórias nostálgicas para a geração nascida e crescida em finais do século XX. De facto, apesar de não parecerem, à primeira vista, particularmente excitantes, estes estabelecimentos contavam com uma série de factores capazes de suscitar o entusiasmo dos mais pequenos durante a 'ronda de compras' diária ou semanal.

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As tabacarias de moldes tradicionais ainda hoje existem um pouco por todo o País.

De facto, entrar num destes estabelecimentos (ou, no caso do quiosque, apenas aproximar-se) revelava de imediato uma verdadeira imensidão de opções, prontas a 'torturar' qualquer jovem munido da semanada ou mesada. Qual escolher – o mais recente número da revista de jogos ou de 'posters', ou a BD do costume? Um chupa-chupa, ou uma mão-cheia de pastilhas elásticas? Talvez umas quantas saquetas de cromos para a caderneta? As possibilidades eram ilimitadas, e o único ponto negativo era mesmo ter de escolher entre elas.

Mesmo para quem não ia 'apetrechado' com trocos no bolso, a ida à tabacaria dava sempre a possibilidade de sair da mesma com um dos referidos artigos, oferecido pelos adultos à laia de prémio de bom comportamento, ou apenas como recordação do passeio – o que, por sua vez, os tornava ainda mais memoráveis e apetecíveis, contribuindo para criar expectativas sobre uma Saída de Sábado que, sem parecer à primeira vista particularmente entusiasmante, acabava sempre por constituir um ponto alto do fim-de-semana comum do jovem noventista.

Hoje em dia, as tabacarias e quiosques, tal como a referida geração os conheceu, estão em vias de extinção, mais parecendo mini-mercados ou lojas de 'souvenirs' com algumas revistas e jornais desportivos à mistura; assim, é duvidoso que a actual geração sinta o mesmo 'frisson' da dos seus pais ao entrar num destes estabelecimentos – até porque, regra geral, possuem acesso digital a quase tudo o que lá se podia adquirir. Para quem viveu aquela época, no entanto, é possível que, ainda hoje, a visita a uma papelaria, tabacaria ou quiosque de moldes tradicionais faça, ainda, vir à tona alegres memórias de infância e adolescência..

20.10.23

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Embora, em Portugal, seja tradição 'importada' – e recente – o Halloween tem, para países como os Estados Unidos, um significado especial, traduzido na iconografia própria (e, para muitos jovens americanos, altamente nostálgica), em rituais como o 'Doces ou Travessuras' (o famoso 'trick or treat') e a criação de disfarces ligados ao terror e, claro, na escolha de filmes próprios para a época, os quais se tendem a dividir em duas grandes categorias: as comédias familiares como 'Hocus Pocus' e 'A Família Addams' (muitas delas passadas, precisamente, na também chamada Noite das Bruxas) e os filmes de terror, de entre os quais se destaca a franquia que leva o mesmo nome da própria celebração, e que, em finais dos anos 70, revelou ao Mundo uma jovem chamada Jamie Lee Curtis.

Tal como sucedeu a todas as outras franquias de terror da mesma época, no entanto, os anos seguintes viram o seu vilão (o verdadeiramente sinistro Michael Myers, que perde apenas para o Leatherface de 'O Massacre da Serra Eléctrica' como assassino mais assustador do cinema de terror) ser muito 'mal tratado', numa série de sequelas de qualidade decrescente que contribuíram para retirar a Michael uma parte significativa da sua mística. Ainda assim, e ao contrário do que aconteceu com os contemporâneos Jason Voorhees e Freddie Krueger, viria a ser lançada a Michael uma 'corda de salvação', sob a forma de um novo capítulo, comemorativo dos vinte anos dos seus primeiros ataques, e com execução bastante mais cuidada em relação aos filmes anteriores da franquia.

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O DVD nacional do filme

Chamava-se 'Halloween H20: O Regresso', estreou nos cinemas norte-americanos há quase exactos vinte e cinco anos (mesmo a tempo do Halloween) e, apesar de apenas ter chegado ao nosso País em Março (!!!) do ano seguinte, constitui a Sessão de Sexta perfeita para a altura do ano que se aproxima - como, aliás, já demos a entender quando o incluímos, juntamente com alguns dos filmes acima referidos, na nossa Sessão de Sexta Especial de Halloween, há quase exactos dois anos; aproveitamos, agora, nova aproximação da referida data para lhe dedicarmos algumas linhas mais alargadas e específicas, por alturas de um 'aniversário' marcante para qualquer obra mediática.

Como o próprio título dá a entender, 'H20' (não confundir com H2O) tem lugar vinte anos após o original, ou seja, no ano de 1998. Laurie Strode (Jamie Lee Curtis), irmã do assassino mascarado e única vítima a ter sobrevivido a repetidos ataques por parte do mesmo, descobre que não consegue escapar ao seu passado quando o irmão a descobre na pequena cidade californiana onde reside sob um nome falso, e prontamente enceta nova tentativa de acabar com a sua vida de uma vez por todas. Na 'linha de mira' do assassino estão também o filho adolescente de Strode, John (interpretado pelo jovem galã da altura, Josh Hartnett) que organiza com os amigos uma festa de Halloween particular longe dos adultos e de outros jovens, tornando-se assim alvos fáceis para Myers, e Will Brennan, companheiro de Laurie que, juntamente com a mesma e com um segurança da escola, tenta proteger os jovens do tresloucado assassino, para quem os mesmos seriam, de outra forma, alvos fáceis.

Uma receita sem muito de inovador, e que recorre mesmo a alguns (senão a todos) os clichés dos chamados 'slasher movies', mas cujo segredo reside em saber precisamente o que o público de filmes como 'Sei O Que Fizeste No Verão Passado' espera e pretende de uma obra deste tipo, e oferecer, precisamente, isso, sem o tipo de tentativas de inovação ou experimentação que haviam morto, aos poucos, as franquias concorrentes 'Pesadelo em Elm Street' e 'Sexta-Feira 13'. Ao contrário de muitos dos filmes de ambas, 'Halloween H20: O Regresso' é, só e apenas, o que apregoa ser: uma revisão e actualização do conceito do original de John Carpenter, já longe da qualidade do mesmo, mas ainda assim criado com assumido respeito e apreço pelas bases por ele estabelecidas. Assim, e embora não suplante (e ainda menos substitua) o mesmo, este primeiro reviver de uma franquia ainda hoje vive merece bem o investimento de menos de hora e meia por parte dos entusiastas do terror 'pop', seja como parte de uma 'maratona' mais alargada de todos os títulos da série, seja por si mesmo, como 'refeição rápida' para saciar a vontade de apanhar uns 'sustos' frente ao ecrã na noite de Sexta-feira de Halloween.

19.10.23

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

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A variedade quase infindável de produtos actualmente disponíveis no nosso País, bem como a facilidade de ligação e conexão a mercados internacionais, podem levar a pensar que este paradigma tenha, já, alguns anos ou até décadas de precedência. Quem nasceu e cresceu num Portugal nem tão distante assim, no entanto, sabe que tal ideia não podia estar mais longe da verdade; de facto, há parcas três décadas, grande parte dos produtos hoje tomados como garantidos pela população nacional eram totalmente desconhecidos num mercado ainda muito fechado sobre si próprio, e onde imperavam, sobretudo, as marcas ibéricas, sendo qualquer produto importado quase automaticamente considerado luxuoso.

Um dos melhores exemplos desta mudança de paradigma – vivida, sobretudo, a partir da segunda metade da década de 90 – prende-se com uma das mais conhecidas e apreciadas marcas de bolachas a nível mundial, hoje perfeitamente ubíqua nas prateleiras nacionais, mas cuja chegada a Portugal data de há apenas um mero quarto de século. Falamos, claro está, das Oreos, as icónicas e deliciosas 'sanduíches' de creme branco em bolachas de chocolate que vinham já fazendo as delícias dos 'putos' americanos e britânicos – entre outros – há mais de três quartos de século quando, finalmente, conseguiram entrar no mercado lusitano (através do espanhol, como era comum acontecer na altura) algures nos anos 90.

Escusado será dizer que o sucesso encontrado foi tão imediato quanto o havia sido naqueles mercados, e as Oreos (então vendidas em caixas, cada uma com quatro 'saquetas' de quatro bolachas) rapidamente se tornaram favoritas para a hora do lanche na escola, como 'snack' para pôr na lancheira, ou simplesmente como recheio para a lata das bolachas lá de casa. Num mercado deprivado, desde há alguns anos, das 'Bélinhas', as bolachas da Nabisco vieram preencher uma lacuna importante, assumindo-se como substitutas à altura daquelas que haviam sido as suas 'antecessoras espirituais' no coração das crianças portuguesas.

O resto da história é bem conhecido, tendo'se os volumes de vendas das Oreos em Portugal ao longo dos últimos vinte e cinco anos mantido estáveis o suficiente para justificar a expansão da oferta da gama a umas impressionantes dezasseis variedades, entre as quais se incluem mesmo algumas edições limitadas, como aquela que apresentava uma embalagem cor-de-rosa, em alusão à cantora pop Lady Gaga - infelizmente, ao contrário do que sucedeu no sempre anárquico mercado norte-americano, a versão portuguesa desta promoção NÃO trazia bolachas cor-de-rosa, nem recheio de creme verde... Em suma, Portugal juntou-se ao lote de países que permitem à Nabisco apregoar a Oreo como a bolacha mais vendida em todo o Mundo, tendo-se a mesma tornado parte integrante da vida quotidiana de grande parte da população – o que torna ainda mais difícil recordar que a sua presença no mercado nacional data de pouco mais de um quarto de século...

18.10.23

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

De entre todos os elementos passíveis de causar nostalgia, um documento de identidade não parece, à partida, ser um forte candidato; no entanto, como comprova a reacção dos britânicos ao regresso dos 'passaportes azuis', também algo tão inócuo quanto uma identificação estatal é capaz de despoletar memórias positivas sobre um tempo passado, e deixar a vontade de a ele regressar. No caso dos portugueses e portuguesas das gerações nascidas até ao início do século XXI, esse documento é o tradicional BI plastificado e de fundo bege, substituído há já quinze anos pelo algo mais 'anónimo' Cartão do Cidadão (passe o trocadilho) mas que continua a viver na memória colectiva de quem alguma vez chegou a ver um ser emitido em seu nome.

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Frente e verso do antigo documento.

Isto porque o ritual de 'tirar' o primeiro BI – algo que, ao contrário do que sucede com o Cartão do Cidadão, acontecia apenas já nos anos da pré-adolescência, após completa a primeira década de vida. Como tal – e, novamente, em contraste com o que sucede com o documento actual – a obtenção do tradicional rectângulo plastificado (completo com a tradicional impressão digital, de longe a parte mais entusiasmante do processo) assumia dimensões de ritual de passagem para, neste caso, a adolescência, ombreando com o carimbo azul no cartão da escola, a primeira chávena de café, a primeira cerveja e o primeiro tratamento por 'senhor' ou 'senhora' num estabelecimento na lista de momentos transicionais definitivos para os jovens portugueses do século XX, daqueles que permitiam alardear já 'ser crescido' junto dos contemporâneos.

Infelizmente, tal como os outros momentos acima referidos, também este ritual de amadurecimento se perdeu totalmente na época moderna, em que um Cartão do Cidadão pode (e deve) ser adquirido antes de completo um mês de idade para qualquer bebé nascido em Portugal, perdendo-se assim mais um importante marco formativo das gerações actualmente acima dos vinte e cinco a trinta anos de idade – as quais, certamente, terão ainda os seus antigos BI's guardados algures numa qualquer gaveta de sua casa, ou da casa onde cresceram...

17.10.23

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

As décadas de 80 e 90 foram palco de um estranho sub-género de concurso televisivo, em que as provas eram mais focadas na habilidade física do que intelectual, consistindo muitas vezes de corridas de obstáculos ou confrontos de cariz quasi-desportivo, cujo mais famoso exemplo são os icónicos 'Jogos Sem Fronteiras'. Já aqui falámos, numa ocasião anterior, de um desses programas, o mítico 'Jogo do Ganso', produzido em Espanha e transmitido pela TVI, e, em tempo, aqui falaremos dos referidos 'Jogos' e da variante japonesa, 'Takeshi's Castle', conhecido em Portugal pelo insólito título de 'Nunca Digas Banzai'; esta semana, no entanto, a nossa atenção recairá sobre a versão americana deste tipo de programa, que cativou a atenção dos jovens portugueses aquando da sua transmissão na SIC, há exactos trinta anos.

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No ar nos seus EUA natais desde finais da década anterior, 'Gladiadores Americanos' tinha, já, o seu formato (um cruzamento entre o conceito dos supramencionados 'Jogos Sem Fronteiras' e a estética da luta-livre americana) mais do que bem definido quando, em 1993, atravessou o Atlântico para apresentar aos jovens lusitanos os 'guerreiros' titulares – todos musculados, com fatos de 'lycra' justos e nomes como Blade e Hawk, bem ao estilo do que faziam a WWF e WCW – e as mirabolantes provas a que os mesmos submetiam os concorrentes, algumas das quais (como a da 'justa' sobre plataformas oscilantes) chegaram a entrar no imaginário da cultura pop norte-americana.

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A prova mais célebre do programa

E apesar de o programa não ter tido, em Portugal, o mesmo sucesso de que gozava no seu país natal (onde teve direito a seis temporadas, além de um breve retorno em 2008) o mesmo não deixou, ainda assim, de marcar época na TV portuguesa, muito graças ao comentário do icónico, inigualável e inconfundível Jorge Perestrelo – o qual, como Tarzan Taborda no programa da WWF  transmitido pela RTP na mesma época, ajudava a dar um colorido especial à emissão, com o seu entusiasmo e expressões características.

Mesmo sem este 'bónus' acrescido da locução de Perestrelo, no entanto, 'Gladiadores Americanos' era tudo o que um jovem da altura poderia querer de um programa deste tipo, com provas frenéticas e fisicamente intensas, e personagens que simbolizavam o ideal de perfeição da época, e que ajudavam a disfarçar o facto de o próprio conceito do programa ser injusto; afinal, toda a competição se centrava em torno de disputas físicas entre jovens perfeitamente normais e atletas profissionais com físicos 'de ginásio', e a quem havia sido dito que não refreassem os seus esforços! Ainda assim, acabava sempre por haver quem se conseguisse superiorizar aos 'empregados' do programa, e almejar a tão cobiçada vitória final, num daqueles desfechos de 'David Contra Golias' que nunca deixam de ser satisfatórios.

Apesar desta junção de factores bem apelativos, no entanto, 'Gladiadores Americanos' nunca foi tão bem-sucedido que justificasse a produção de uma versão portuguesa, como havia já acontecido em outros países; no entanto, quem chegou a acompanhar aquela transmissão dobrada e adaptada dos primórdios da SIC certamente guardará, ainda hoje, a memória daqueles homens e mulheres musculosos a lutar com paus de borracha sobre uma plataforma oscilante, ao som da voz característica de Jorge Perestrelo...

Publicidade ao programa exibida na SIC à época da transmissão do mesmo.

 

16.10.23

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Todas as cenas musicais as têm: aquelas bandas que ficam juntas durante pouco tempo, lançam talvez um ou dois álbuns, sem nunca almejar grande sucesso, mas adquirem um estatuto de culto que as faz permanecer relevantes entre os círculos de melómanos mais 'curiosos' durante várias décadas. O movimento pop-rock português não é excepção nesse aspecto, como bem demonstra o grupo que abordamos nesta Segunda de Sucessos, cujo único álbum continua a ser uma das grandes 'curiosidades' do estilo, tal como era praticado em Portugal na primeira metade dos anos 90.

Formados em Chaves no final da década anterior, o projecto conhecido como Adamastor começou por apostar numa sonoridade mais pesada, com letras em Inglês, que chegou a render uma 'demo' com dois originais e uma versão de Thin Lizzy; no entanto, a entrada do vocalista e compositor Artur Órfão mudou o idioma para Português e o som para um registo mais voltado para o pop-rock radiofónico, já com muito pouco a ver com o hard rock tradicional e conservador da maqueta.

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Capa e contracapa do único álbum da banda.

De facto, o que se ouve no primeiro e único longa-duração da banda, editado em 1992 pela incongruente Espacial, rainha dos discos de 'pimba' de tabacaria ou estação de serviço (ao lado dos quais este disco muita vezes figura) está mais próximo de uns GNR do que das referências 'metálicas' nortenhas da época, como Xeque-Mate ou Tarantula, com músicas conduzidas, sobretudo, pela guitarra semi-acústica dedilhada - raramente se ouve um 'riff' electrificado na dúzia de temas que compõem o disco - pela percussão simples e compassada, tipicamente pop-rock, e pela voz dramática e meio declamada de Órfão, que traz muitos ecos de Rui Reininho, bem como uma pitada de Xico Soares (dos referidos Xeque-Mate), ainda que com mais talento e técnica do que este último. Uma fórmula que até poderia resultar, não fora a péssima produção (praticamente só se ouvem os três instrumentos atrás citados) e a desinspiração das composições de Órfão, que parece só saber escrever um único tipo de música, mudando apenas a letra e os arranjos. Aliado à dificuldade em ouvir as 'nuances' de cada tema, derivada da pobre produção, este factor faz com que o disco soe como um 'bolo' uniforme de música, sem que haja um único refrão memorável ou arranjo diferenciado que ajude qualquer das composições a destacar-se, o que torna a audição do disco algo penosa e retira a apetência para dar a habitual segunda ou terceira oportunidade a estes doze temas.

Assim, e dado o relativo insucesso do álbum, não é de surpreender que os Adamastor pouco mais tenham durado após a gravação do mesmo; com material mal produzido, aborrecido e parcamente promovido por uma editora totalmente errada, a banda estava condenada ao falhanço, e o principal contributo da mesma para a cena musical nacional continua, até aos dias de hoje, a ser a revelação do baterista Rui Danin, que viria posteriormente a fundar os Web – estes sim, uma banda de metal – e a colaborar com grupos tanto estabelecidos como emergentes da cena, como os supramencionados Tarantula (ídolos do metal nortenho), os Pitch Black, os Hyubris ou os ThanatoSchizo. Quanto ao único registo da sua primeira banda, certamente será encarado, hoje em dia, como um 'desvario' de juventude, cujo estatuto de culto se deve apenas ao seu relativo desconhecimento e raridade, e à presença de Danin entre os músicos participantes – uma situação que, face ao material apresentado, acaba até por ser algo lisonjeira...

A banda chegou a reunir-se em 2018, para tocar num evento local.

15.10.23

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

O chamado 'jogador de um clube só' – aquele atleta que faz toda a carreira em apenas um emblema desportivo, mantendo-se fiel através de todos os altos e baixos do mesmo – sempre foi uma espécie rara, e nos dias que correm - em que o dinheiro fala, invariavelmente, mais alto – encontra-se praticamente em vias de extinção, pelo menos ao nível do futebol de alta competição. No período a que este blog diz respeito, no entanto, era ainda possível encontrar alguns atletas dessa estirpe, os quais – sem contar com os habituais empréstimos em inícios de carreira – passavam todo o seu período activo num só clube, normalmente aquele que os havia formado. O jogador de que falamos hoje, e que completa este fim-de-semana cinquenta e dois anos de idade, esteve perto de fazer parte desse lote, não fora um desentendimento com a 'casa-mãe' em finais de carreira; ainda assim, é a esse mesmo clube que qualquer adepto português da 'velha escola' o associa, e é também a ele que o seu nome ficará, indelevelmente, ligado.

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O jogador com a camisola do clube de sempre.

E, no entanto, até mesmo Jorge Paulo Costa Almeida – mais conhecido pelo seu primeiro nome e primeiro apelido – chegou, a dada altura, a ser Cara (Des)conhecida nos campeonatos nacionais, apenas mais um jovem promissor a desenvolver o seu futebol em emblemas históricos, mas fora da esfera dos três 'grandes' portugueses. De facto, após a chegada à idade sénior, logo no início da década de 90, aquele que viria a ser um dos grandes defesas-centrais do futebol luso era enviado para rodar durante uma época no 'vizinho' CS Penafiel, onde começaria desde logo a chamar a atenção, afirmando-se como elemento importante da equipa e amealhando vinte e três presenças, no decurso das quais contribuiria com dois golos.

A próxima aventura do central seria significativamente menos confortável, 'atirando-o' da cidade onde nascera e crescera para o ambiente insular da Madeira, onde viria a representar um dos maiores clubes das ilhas, o Marítimo. Tal desafio não amedrontou Jorge Costa, no entanto; pelo contrário, o jogador emprestado pelo Porto viria a afirmar-se como peça-chave da equipa, participando em quase todos os jogos da época 1991-92 e marcando ainda um golo pelos verde-rubros insulares.

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Cromo de um jovem Jorge Costa ao serviço do Marítimo.

Esta segunda época ao mais alto nível foi, aliás, suficiente para garantir ao central a inclusão no plantel principal do FC Porto, do qual não voltaria a sair até um desentendimento com o então treinador Octávio Machado, mais de uma década depois. No total, esta primeira fase de Jorge Costa no Porto veria o central representar o clube em quase duzentos jogos, sempre como esteio defensivo, ao lado de nomes como Paulinho Santos, Fernando Couto, Jorge Andrade ou Ricardo Carvalho, sagrar-se penta-campeão nacional, e notabilizar-se tanto como figura-chave na fase hegemónica do FC Porto como como um dos melhores do País na sua posição - distinção que lhe valeu lugar quase cativo também na Selecção Nacional, que representaria em cinquenta ocasiões e quatro torneios no decurso dessa mesma década, muitas vezes ao lado dos mesmos nomes com que emparceirava no centro da defesa portista.

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Cromo do jogador na caderneta do Euro 96, um dos torneios em que representou a Selecção Nacional.

Apenas um voto ao 'ostracismo' por parte de Octávio Machado, na segunda metade da época 2001/2002, seria capaz de afastar o carismático jogador do clube que o formara, sendo o mesmo forçado a embarcar na sua primeira aventura internacional, no caso ao serviço do Charlton, de Inglaterra, por quem ainda chegaria a tempo de figurar duas dezenas de vezes até ao final da Premiership daquele ano.

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O jogador durante o seu breve período no Charlton.

Durou pouco, no entanto, este afastamento, e na época seguinte, sob as ordens do novo treinador José Mourinho, Jorge Costa via restituído o seu estatuto de peça-chave numa equipa que, sem ainda o saber, estava prestes a embarcar numa segunda fase hegemónica, que culminaria com a histórica conquista da Liga dos Campeões, em 2005, já após a igualmente inédita captura da Taça UEFA, na época anterior. Em ambas as ocasiões, Jorge Costa marcava presença no centro da defesa, contribuindo com toda a sua experiência para aqueles que estavam entre os momentos mais gloriosos da História dos 'Dragões'.

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Jorge Costa celebra a conquista da Liga dos Campeões de 2004/2005, ao lado de outra lenda do FC Porto, Vítor Baía.

Poucos meses depois, no entanto, nova reviravolta, com a chegada de Co Adriaanse à equipa nortenha, e subsequente nova perda de estatuto por parte do capitão portista, que era novamente (e publicamente) afastado; tal como anteriormente, o central optou, nesta ocasião, por ingressar numa aventura no estrangeiro, desta vez a título definitivo, e seria no Standard de Liège, ao lado do ex-colega Sérgio Conceição, que viria a fazer a última época da sua carreira, aos trinta e quatro anos. Vinte partidas e dois golos longe dos holofotes europeus marcavam, assim, a despedida de um jogador que, doze meses antes, tinha ocupado lugar de destaque sob os mesmos – um final algo indigno para um dos melhores e mais notáveis jogadores dos campeonatos portugueses das décadas de 90 e 2000, e da Selecção Nacional da fase 'Geração de Ouro'.

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No Standard de Liège, durante a última época como profissional.

Tal como tantas outras caras – (Des)conhecidas ou não – de que aqui vimos falando, também Jorge Costa optou, após o término de carreira, por enveredar pela carreira de treinador, a qual iniciaria logo após o encerramento de actividades nos relvados, como adjunto do Braga. Dentro em breve, assumiria o comando dessa mesma equipa como técnico principal, e os anos seguintes vê-lo-iam treinar emblemas tanto em Portugal – Académica, Olhanense, Paços de Ferreira, Arouca, Académico de Viseu e Vila das Aves, onde actualmente milita – como um pouco por toda a Europa - tendo passado pelos romenos do Cluj e Gaz Metan, pelos cipriotas do AEL Limassol, pelos gregos do Anorthosis, pelos franceses do Tours - e até em países como a Tunísia (com duas passagens pelo CS Sfaxien) e Índia (onde treinou o Mumbai City FC), além da Selecção Nacional sénior do Gabão.

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Na qualidade de treinador.

Uma carreira cuja diversidade surge como contraponto à relativa estabilidade de que o portuense gozara enquanto jogador de campo, e que, infelizmente, nunca almejou o mesmo estatuto ou sucesso, mas que oferece uma continuidade honrosa para uma das 'lendas' da Primeira Divisão nacional 'das antigas'. Parabéns, e que conte ainda muitos.

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A camisola 2 é, ainda hoje, sinónima com o jogador.

14.10.23

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Apesar de a maioria dos tópicos abordados nesta secção serem referentes a actividades em conjunto, as crianças dos anos 80, 90 e 2000 também sabiam brincar sozinhas, mesmo no exterior; e. nessa conjuntura, uma das mais frequentes actividades prendia-se com algo que hoje sabemos ser crueldade animal, mas que, à época, pretendia apenas saciar a curiosidade natural dessa fase do desenvolvimento humano.

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Quem nunca?

Falamos das inúmeras 'brincadeiras' e 'experiências' que tinham como vítima os insectos e outros animais de porte microscópico, como os girinos e peixes bebés; e ainda que algumas destas fossem relativamente inocentes (como apanhar peixinhos, girinos ou 'alfaiates' no balde, na praia, ou num copo ou recipiente, no rio) outros cruzavam, efectivamente, o limiar da crueldade, como o arrancar das asas às moscas, impedindo-as de voar, o agarrar em borboletas pelas asas, o desenrolar forçado de bichos de conta, o desenterrar de minhocas da terra, o esborrachamento de formigas com os dedos ou a inserção de paus ou agulhas de caruma nas cascas dos caracóis para os fazer sair. Não deixa de ser estranho que, entre uma demografia que condenava intrinsecamente outros actos (como queimar formigas com lupas, por exemplo) este tipo de acções fosse tomado como perfeitamente normal, mas era precisamente isso que se passava, não havendo certamente um único membro das gerações 'X' e 'millennial' que não seja culpado de ter feito pelo menos uma destas coisas, pelo menos uma vez - por aqui, por exemplo, esborracharam-se ou desviaram-se do rumo muitas formigas em momentos de maior aborrecimento, e também se perturbaram muitos caracóis para os ver 'correr'...

Felizmente, a sociedade evoluiu desde esse tempo, e actos como os anteriormente referidos são, hoje, activamente denunciados, inclusivamente pela demografia equivalente à acima mencionada – apesar de a existência ainda hoje, no Google, de um jogo para telemóvel intitulado 'Ant Smash', já na terceira edição, indicar que talvez nem tanto tenha mudado desde aqueles anos...

13.10.23

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

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Os anos 90 e 2000 representaram o auge do interesse da juventude portuguesa (e mundial) nos desportos radicais e, por arrasto, de aventura. E se o skate, patins em linha, BMX ou 'surf' eram já quase dados adquiridos no que tocava ao sector infantil e adolescente, já actividades como a escalada, o 'rappel' e o montanhismo poderiam parecer menos imediatamente óbvias, mas a verdade é que não deixaram, ainda assim, de cativar os jovens lusitanos, com alguma ajuda de filmes como 'Assalto Infernal' ou 'Missão: Impossível 2'. Este interesse não tardou, também, a estender-se ao parâmetro da moda, e não demorou muito até os coletes, mochilas, calças e bolsas de cintura ou a tiracolo em tons de caqui e verde-seco ombrearem com as grandes marcas de 'surf' e 'skate' no armário do adolescente português médio.

Parecia, pois, a oportunidade perfeita para estabelecer no nosso País uma nova cadeia de lojas, especificamente dedicada a vestuário deste tipo, e para esta finalidade – e foi precisamente o que fez a espanhola Coronel Tapiocca (com um 'C' a mais, para evitar problemas legais, ainda que a mascote fosse descaradamente idêntica à do militar do mesmo nome da série de BD franco-belga 'Tintim'), que se encontrava precisamente em processo de expansão internacional, após se ter estabelecido como líder de mercado no seu país de origem. Os astros alinhavam-se, assim, para criar as condições perfeitas para aquela que viria a ser uma relação comercial de cerca de duas décadas entre o 'imitador' do coronel amigo de Tintim e os adolescentes portugueses com interesse em desporto-aventura.

Isto porque a referida loja era, numa fase inicial, um dos poucos locais onde se podiam adquirir produtos de marcas que começavam rapidamente a penetrar no universo da moda juvenil mais 'generalista', nomeadamente a ainda hoje popular Camel Active, além da sua marca própria; assim, e apesar dos preços muitas vezes proibitivos dos referidos produtos, a Tapiocca não tardou a encontrar o 'seu' público, tarefa auxiliada pela localização estratégica das suas lojas, em locais de alguma afluência e com alta percentagem de jovens, como as Avenidas Novas, em Lisboa, a Baixa da mesma cidade, ou ainda a famosamente afluente zona de Cascais.

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A fachada da loja da Baixa de Lisboa manteve o logotipo durante algum tempo depois de fechar.

Apesar deste auspicioso início, no entanto, a história da Coronel Tapiocca em Portugal acaba como tantas outras: com um declínio do interesse do público-alvo na sua área de especialização, consequente redução do volume de negócios, e consequente falência e retirada do mercado nacional, no dealbar da década de 2010. Durante algum tempo, restou ainda um mural na Baixa para servir como testemunho da presença da marca no nosso País; mais de uma década volvida, no entanto, nada resta do legado do Coronel, excepto as memórias de quem por lá passou, admirou os atraentes mas proibitivos produtos expostos na montra, ou chegou mesmo a ser cliente – às quais se juntam, agora, algumas singelas linhas neste nosso 'blog' nostálgico, à laia de contraponto às notícias sobre a falência da cadeia que compunham, até agora, o único registo 'cibernáutico' da mesma...

12.10.23

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Quando, há algum tempo, aqui relembrámos alguns dos jornais desaparecidos da imprensa portuguesa, deixámos de fora um, de certo modo até mais relevante do que os discutidos no 'post' em causa, e sobre cuja fundação se assinalaram em Maio último exactos quarenta anos. E apesar de o mesmo dificilmente ter, na altura, interessado ao público que lê este nosso espaço, seria ainda assim omisso deixar passar em claro tão importante data para uma publicação que marcou o espaço editorial e jornalístico português dos anos 90 e da primeira metade da década de 2000.

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A primeira e última edições do semanário, entre as quais distam quase trinta anos.

Falamos d''O Independente', o histórico semanário fundado na Primavera de 1988 por Miguel Esteves Cardoso e Paulo Portas – este último ainda a alguns anos de se tornar figura de monta da esfera política nacional - e que, talvez pelo envolvimento dos nomes citados, punha considerável ênfase nos campos da cultura e da política. De facto, era sobretudo pela sua abordagem sócio-política que o jornal se destacava, sendo que fazia questão de apresentar uma postura mais conservadora e elitista, condicente com as sensibilidades de direita dos seus fundadores, mas, ao mesmo tempo, culta e com algum idealismo – uma descrição que, precisamente por parecer um contra-senso, ajudou 'O Independente' a demarcar-se de todos os restantes jornais publicados em Portugal à época, embora tenha também contribuído para lhe restringir a base de leitores aos proponentes de ideologias políticas e culturais semelhantes.

Apesar desse posicionamento declaradamente à direita do espectro político, o jornal notabilizou-se, também, pelos constantes e impiedosos ataques e denúncias ao governo então vigente, também ele de direita e presidido por Aníbal Cavaco Silva, que resultavam em constantes processos por difamação de carácter, muitos deles ganhos pelas personalidades visadas, pesem embora algumas importantes vitórias. Ainda assim, os dois fundadores acabaram por desempenhar papel crucial na queda do chamado 'cavaquismo', e no surgimento do CDS/PP como força de oposição ao PSD à direita – algo a que a maioria dos jovens portugueses da época terá ficado perfeitamente alheio, no seu mundo de desenhos animados, trabalhos de casa, actividades extra-curriculares e saídas com os familiares e amigos, mas que ajudou a moldar o panorama político nacional, tal como se apresenta nos dias de hoje.

Só essa contribuição já tornaria 'O Independente' parte importante do jornalismo português, mas o semanário não se ficava por aí, apresentando também um forte pendor cultural, e contando com colaboradores de renome nessa área, como Agustina Bessa-Luís, António Barreto, Maria Filomena Mónica, Rui Zink ou Pedro Ayres de Magalhães, muitos dos quais viriam, na mesma época, a fundar a revista-irmã do semanário em causa, a lendária 'K', que muito em breve aqui terá, também, o seu espaço.

No total, foram quase três as décadas de vida d''O Independente', que encerraria funções em 2006, após meia década de abrupto declínio de vendas e influência (os últimos exemplares venderam menos de dez mil cópias e contaram com apenas 1% de audiência.) Para a História ficava uma abordagem revolucionária (se bem que nem sempre consensual) ao jornalismo, e uma influência inaudita na esfera política do País – motivos mais que suficientes para que, mesmo com quase meio ano de atraso, celebremos os quarenta anos do maior semanário de finais do século XX em Portugal.

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