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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

30.09.22

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Na passada edição das Quartas aos Quadradinhos, falámos de como o Juiz Dredd – um dos mais populares super-heróis de culto, e porta-estandarte da '2000 AD', uma das mais bem-sucedidas revistas de BD britânicas – tinha 'passado ao lado' dos leitores portugueses dos anos 90, tendo o seu impacto entre os bedéfilos nacionais da época sido praticamente nulo; nesse post, referimos ainda que esse mesmo facto era tanto mais surpreendente quanto o justiceiro de Mega City havia sido alvo de uma adaptação cinematográfica nessa mesma década, e com ninguém menos do que Sylvester Stallone (um dos maiores e mais reconhecíveis heróis de acção de finais do século XX) no papel do vingador futurista. Agora, na nossa habitual rubrica sobre filmes e cinema da época a que este blog diz respeito, chega a altura de analisar o referido filme, e a razão pela qual não conseguiu ter impacto no destino do personagem em Portugal.

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O cartaz do filme era, há que admitir, apelativo.

Produzido e lançado em 1995 (muito antes de os filmes baseados em BD terem algum tipo de respeito entre a demografia cinéfila, e com alguma razão) como 'blockbuster' de Verão, 'O Juiz' (um daqueles nomes tão incrivelmente genéricos como perfeitamente desnecessários) foi, à altura, apenas mais um exemplo do porquê de este tipo de filmes ter demorado tanto tempo a fazer a transição do seu nicho de culto para uma apreciação mais generalista; isto porque, apesar do orçamento considerável, o filme acaba por ser vitimizado por muitos dos problemas que assolavam a maioria dos 'filmes de BD' na era pré-'Homens de Negro' (e, mais tarde, 'X-Men', o verdadeiro revolucionador deste paradigma). Apesar do 'casting' perfeito para o papel principal – Sly não só tem a musculatura 'de respeito', mas também a laconicidade 'mastigada' que caracteriza Dredd – os restantes aspectos do filme deixam algo a desejar, com alguns a serem efectivamente detrimentais à apreciação do mesmo, como a presença do insuportável Rob Schneider no seu habitual papel de 'tagarela que tenta ter piada, e falha', ou o facto de o filme ter começado como um 'Maiores de 16' e ter 'vindo ao Mundo' como um 'Maiores de 12', tendo as alterações sido feitas literalmente semanas antes da data planeada para lançamento. E se a ideia de um Juiz Dredd 'para toda a família', soa absurda, é porque o é, já que a BD original não faz qualquer tentativa nesse sentido - antes pelo contrário, a violência gráfica explícita é uma das suas principais características!

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Stallone foi a escolha perfeita para Dredd; infelizmente, o restante filme não ficava à altura desta escolha.

O que resta, depois de todo o 'retalhar' feito pela Paramount e pelo próprio Stallone, é um filme que não sabe muito bem o que quer ser (obra de ficção científica relativamente 'séria' ou entretenimento leve para toda a família) e acaba por falhar todos os alvos a que aponta; não é, pois, de surpreender que, mesmo com uma forte campanha de 'marketing' e publicidade por detrás, a película de Danny Cannon seja hoje em dia lembrada, sobretudo, pelos aficionados de filmes de série B, ou de culto – coisa que 'Juiz Dredd' nunca quis ser, antes pelo contrário, Tão-pouco surpreende que o nome do Juiz de Mega City tenha continuado a andar 'pelas ruas da amargura' entre os cinéfilos e bedéfilos generalistas (em Portugal e não só) durante mais de uma década e meia após o lançamento do filme, até o excelente 'Dredd', de 2012 (com Karl Urban no papel principal) ter redimido a sua 'honra' e posto o nome Dredd nas bocas tanto de toda uma nova geração, pronta a receber de braços abertos mais material alusivo ao personagem, como dos ex-jovens a quem o filme original, da 'sua' época, havia desapontado ou simplesmente passado despercebido; e ainda que o mesmo também não tenha sido suficiente para 'lançar' definitivamente o Juiz no panorama bedéfilo português da década desde então decorrida, pelo menos permitiu ao personagem da DC britânica 'sair de cena' em alta – missão em que o seu antecessor falhou rotundamente...

29.09.22

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

Em Portugal, à semelhança do que acontece um pouco por todo o Mundo, certos tipos de produtos são associados a determinadas marcas a ponto de se confundirem com as mesmas, mesmo quando existem no mercado alternativas concorrentes; o sector alimentício não é, de forma alguma, excepção a esta regra, sendo qualquer pão com chocolate (por exemplo) um 'Bollycao', qualquer fermento químico 'pó Royal', qualquer sobremesa à base de iogurte e fruta um 'Suissinho' ou 'Danoninho', e qualquer achocolatado para beber 'Nesquik' ou 'Cola Cao', entre outros exemplos. Nos anos 90, esta tendência estendia-se, no nosso País, também ao domínio dos bolos e artigos de pastelaria industrializados, a esmagadora maioria dos quais surgia nas prateleiras nacionais com a chancela de uma marca nacional e – à época – em rápido crescimento rumo à monopolização do mercado; a Dan Cake.

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Fundada nos anos 80 (e, aparentemente, extinta, ou pelo menos trespassada, há menos de dois anos à data de publicação deste post) a Dan Cake oferecia produtos ao longo de todo o espectro das bolachas e bolos, sendo também suas, por exemplo, as primeiras 'Madalenas' de pacote, bem como as bolachas 'Danish', comercializadas nas icónicas latas azuis que muita gente usava para guardar os artigos de costura; no entanto, por muito sucesso que esses artigos fizessem (até pela practicidade da embalagem das bolachas...) não era com elas que a marca era sinónima na mente das crianças e jovens noventistas – esse privilégio pertencia às 'tortas', das quais a marca disponibilizava, à época, uma enorme variedade, desde as mais pequenas, em tamanho 'snack' (as famosas Cake Bar), até formatos mais substanciais, aproximadamente do tamanho de um bolo de pastelaria.

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Dois dos mais famosos e icónicos produtos da marca nos anos 90

Invariavelmente à base de chocolate, estas tortas podiam, no entanto, vir recheadas dos mais diversos sabores, dos quais se destacavam os clássicos cacau e morango, os mais populares entre a 'meninência' daquela época; populares eram, também, os brindes oferecidos com as 'Cake Bar', que nos anos 90 se resumiam já a cromos – à semelhança do que famosamente fazia o 'Bollycao', e esporadicamente também outras marcas – mas que na década anterior haviam incluído bonecos em plástico monocromático, ao estilo 'Monsters in My Pocket', ligados às principais propriedades intelectuais juvenis da época. O problema? Estes bonecos eram, literalmente, enfiados DENTRO do bolo (sem qualquer invólucro protector, como acontecia nos pacotes de cerais de pequeno almoço ou batatas fritas), criando o mesmo tipo de situação que, anos mais tarde, viria a descaracterizar para sempre o bolo-rei. À época, no entanto, ninguém parece ter visto problema, e a troca para os mais inócuos autocolantes parece ter sido apenas uma questão de mudança dos interesses do público-alvo.

Com ou sem brindes, no entanto, os bolos e tortas Dan Cake faziam, mesmo, furor entre o público-alvo, pelo simples facto de serem deliciosos (embora estivessem também entre as opções MENOS saudáveis, mesmo da prateleira de doces e guloseimas!) E apesar de hoje em dia continuar a ser possível adquirir produtos deste tipo das mais diversas marcas (os chamados, no Brasil, 'alfajores') nenhuma delas vai, para quem cresceu nos anos 80, 90 ou até mesmo 2000, alguma vez substituir os 'Dan Cake'; afinal, como muito bem declaram os Corn Flakes da Kellogg's, 'o original é sempre o melhor...'

28.09.22

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Apesar do seu longo historial com heróis de banda desenhada (mais ou menos 'super') das mais diversas proveniências, Portugal passou, surpreendentemente, ao lado de um dos maiores 'comics' independentes de finais do século XX, oriundo de um país que, em décadas anteriores, já rendera aos 'bedéfilos' lusos um dos seus mais icónicos heróis, o Major Alvega. Em vista do sucesso que o seu conterrâneo fizera em terras lusas, do êxito de que este outro personagem gozava em outros países - onde as suas histórias (e a publicação onde se inseriam) tinham estatuto de culto, chegando mesmo a inspirar uma 'malha' dos metaleiros nova-iorquinos Anthrax - e da referida apetência dos leitores portugueses por histórias de super-heróis, ficção científica ou ambas, não deixa de ser estranho que um trabalho que reunia todos esses predicados tenha passado praticamente 'em branco' por terras lusitanas.

A verdade, no entanto, é que foi preciso o aparecimento de uma revista baseada em material oriundo das Ilhas Britânicas (e que tão-pouco era especializada em BD) para o maior orgulho nacional anglo-saxónico (pelo menos no campo da banda desenhada) fazer finalmente a travessia do Atlântico e chegar a climas mais quentes. Seria, pois, nas páginas traseiras da revista 'Rock Power', especializada em música 'rock' e 'heavy metal', que o hoje famoso e icónico Juiz Dredd se daria a conhecer – no caso a um segmento bastante limitado (embora receptivo à temática e estilo de desenho das histórias) da demografia a que almejava.

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Página publicada na revista 'Rock Power' (crédito da foto: Divulgando Banda Desenhada)

Escusado será dizer que a extinção da referida revista 'arrastou' consigo o justiceiro da futurista Mega City, cuja perfeita anonimidade entre o público bedéfilo generalista português o votou ao esquecimento – ou melhor, ao desconhecimento – no seio do mesmo; seria, assim, necessário esperar até 1994 para que quem não era 'metaleiro' ficasse a conhecer Dredd, o qual regressaria às bancas nacionais por tempo limitado, no âmbito de uma colaboração com um herói bastante mais famoso e apreciado por terras lusas: o Vingador Mascarado, Batman. O simples mas esclarecedoramente intitulado 'Batman e Juiz Dredd – Julgamento em Gotham' – um daqueles álbuns de 'crossover' tão populares durante as décadas de 90 e 2000, e um de quatro encontros entre os dois heróis – chegaria aos quiosques e papelarias de Norte a Sul do País em 1994, curiosamente, não pela mão da omnipresente Abril/Controljornal, responsável por todos os periódicos de super-heróis disponíveis nas bancas nacionais, mas da Meribérica/Liber, a sua 'rival' monopolista dos heróis franco-belgas. Talvez por isso o álbum seja, hoje em dia, menos conhecido e recordado do que aquelas revistas bem mais 'chungas' que a maioria dos portugueses do sexo masculino de uma certa idade (e, presumivelmente, também do feminino) leu naquela época da sua vida.

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Capa e vinheta do álbum da Meribérica, de 1994

Após os 'cinco minutos de fama' com Batman, no entanto, o polícia futurista voltaria a ser votado ao esquecimento em terras de Viriato – situação que nem mesmo o filme do ano seguinte, com Sylvester Stallone (do qual falaremos aqui muito em breve) conseguiu alterar. O regresso do Juiz Dredd aos escaparates lusos dar-se-ia, pois, já bem dentro do novo milénio, pela mão da editora Mythos, que aproveitava o embalo do sucesso do 'remake' cinematográfico das aventuras do herói (um dos poucos que efectivamente supera o original, e cuja existência se justifica) para trazer para Portugal a 'Juiz Dredd Magazine', publicação criada e concebida (onde mais?) no Brasil, onde já ia fazendo considerável sucesso. No total, foram vinte e quatro os números da revista distribuídos em Portugal, antes de o desafortunado Juiz de Mega City regressar à obscuridade – embora, agora, com uma base de seguidores consideravelmente alargada, e que (quem sabe?) talvez consiga propiciar novo regresso aos escaparates de BD lusos num futuro próximo; por agora, no entanto, Dredd perfila-se como um dos principais 'tiros ao lado' e oportunidades perdidas da edição de banda desenhada em Portugal – um erro que, pela amostra conjunta, continua a ser difícil de remediar...

27.09.22

A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.

Todos os anos, são lançados, para os mais diversos sistemas disponíveis no mercado, centenas de novos jogos; no entanto, apenas uma pequeníssima parte destes acaba por merecer destaque – seja pela qualidade dos aspectos técnicos, pela presença de uma mascote carismática, por um aspecto polémico, ou simplesmente pela jogabilidade e factor de diversão que proporciona – e ainda menos atingem estatuto de culto, conseguindo manter-se relevantes e continuar a fazer parte do discurso de fãs do género mesmo várias décadas após o seu lançamento. O título de que vamos falar hoje, no entanto, não só faz parte desse restrito e selecto grupo, como praticamente o epitomiza, tendo contribuído para um 'pico' de sucesso da franquia onde se insere e continuando a ser, até hoje, considerado um dos melhores e mais influentes títulos de sempre do seu género.

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Falamos, claro, do incontornável Final Fantasy VII, um jogo que – a meros dias de celebrar um quarto de século sobre o lançamento na Europa da versão para a PlayStation original, a 2 de Outubro de 1997 – continua a ser tão ou mais idolatrado pela comunidade 'gamer' como o foi à época do seu lançamento, em que era praticamente impossível abrir qualquer revista de jogos (portuguesa ou estrangeira) sem dar de caras com Cloud Strife ou qualquer dos seus companheiros, normalmente a ilustrar um longo artigo sobre um qualquer aspecto do jogo. De facto, à parte a trilogia inicial de 'Tomb Raider' e algo como 'Pokémon', é difícil nomear outro título da época que tenha feito correr tanta tinta, e ocupado tantas páginas (físicas, de revista, e virtuais, em primitivos fóruns da saudosa Internet noventista) como o J-RPG da Square Enix; ele eram conspirações, especulações, teorias, e, claro, os habituais truques ou imagens falsos que se disseminavam entre os fãs décadas antes de alguém saber o significado da palavra 'viral'. Cloud, Tifa, Barrett, Sephiroth, Aeris ou Cait Sith são nomes, ainda hoje, indelevelmente gravados na memória de quem fez parte de comunidades internáuticas ou teve qualquer interesse em jogos durante aquela altura, mesmo que os 'Role-Playing Games' não fossem o seu género de eleição - tal era o poder mediático de FFVII na imprensa especializada da altura.

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O icónico grupo de protagonistas do jogo

E a verdade é que, apesar de poderem parecer exagerados em volume e intensidade, os elogios ao jogo da Square eram bem merecidos, dado que se trata, efectivamente, de um excelente representante do género em que se insere, com muito para fazer, descobrir e deslindar (tanto assim que ambas as versões lançadas (para PlayStation e PC) ocupavam vários CD-ROM) e aspectos técnicos extremamente cuidados, incluindo uma banda sonora memorável – características que apenas foram ampliadas pelo 'remake' em alta definição do jogo, lançado em 2020. E ainda que, naturalmente, seja agora esse o paradigma vigente para o clássico título (e ainda que a versão original tenha sido ultrapassada, à época, pela sua sucessora directa), seria criminoso não recordar assinalar os vinte e cinco anos deste revolucionário jogo – que, por sinal, não perdeu, nesse período, nem um pingo da sua influência dentro do seu género, e do panorama dos videojogos em geral. Parabéns, 'Final Fantasy VII' – e que continues a fazer História.

26.09.22

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Tal como o 'anime', o género de série conhecido como 'sentai' – que segue as peripécias de um grupo de heróis com uniformes de 'lycra' às cores e robôs gigantes activados à distância – teve, durante décadas, consideráveis dificuldades em 'penetrar' no Ocidente, feito que apenas verdadeiramente conseguiu aquando da estreia de 'Mighty Morphin' Power Rangers', uma versão (quase) totalmente localizada do conceito que se viria a tornar um dos maiores êxitos de televisão infantil da década de 90, e iniciar um legado que se estende já por praticamente três décadas. Por essa altura, no entanto, já o Japão vinha criando material deste tipo há pelo menos duas décadas, tendo até alguns exemplos do mesmo conseguido extravasar os confins nipónicos e atingido sucesso noutros países – o Brasil, por exemplo, era consumidor ávido deste género de série, em grande parte devido ao seu elevado contingente nipónico, e programas como 'Ninja Jiraya', 'Changemen' ou 'Jaspion' (todos anteriores a 'Zyuranger', a série que viria a ser 'ocidentalizada' e a servir de base a 'Mighty Morphin'...') tornaram-se, a partir de meados da década de 80 e até ao inicio da seguinte, presença assídua na grelha de canais como a TV Manchete, onde fizeram as delícias de toda uma geração de crianças.

O que muitos dos que deliraram com os Power Rangers por alturas da transmissão original talvez nunca tenham sabido, no entanto, é que a referida série também não foi o primeiro contacto da juventude portuguesa com o conceito de 'sentai'; cerca de quatro anos antes de os discípulos de Zordon terem pela primeira vez surgido nos ecrãs nacionais, já a RTP tinha encetado uma primeira tentativa de apresentar este tipo de material à demografia infanto-juvenil lusa – embora sem grandes esforços de 'marketing' ou divulgação, e com uma apresentação, no mínimo, bizarra.

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Quaisquer semelhanças com 'outra' série nostálgica NÃO são mera coincidência...

A série escolhida para esta espinhosa missão foi 'Turbo Rangers' (no original, 'Kousoku Sentai Turboranger'), um 'sentai' de 1989 que chegava aos ecrãs nacionais três anos depois, em Abril de 1992, e se despedia dos mesmos pouco depois, sem deixar grande marca na memória do público-alvo; e ainda que inicialmente tão discreta reacção possa parecer surpreendente – especialmente à luz do sucesso de que já gozavam séries como 'Cavaleiros do Zodíaco' e de que viriam, pouco depois a gozar os referidos Power Rangers – os motivos para a mesma tornam-se imediatamente evidentes assim que se analisa mais a fundo o material adquirido e exibido pela RTP. Isto porque 'Turbo Ranger' era transmitida no Canal 1 em versão legendada (uma prática normal para a estação estatal à época, mesmo com séries infanto-juvenis), mas não com a faixa de áudio original; em vez disso, o programa era exibido na sua versão francesa (!!), a qual era, por sua vez, legendada em português. Ou seja, uma série japonesa era exibida em francês, com legendas em Português – uma autêntica Torre de Babel televisiva, que raramente se tornou a repetir na televisão portuguesa.

Pior – o facto de a RTP ter adquirido a versão francesa de 'Turbo-Ranger' privava os espectadores nacionais de praticamente metade da série, já que 22 dos 51 episódios do 'sentai' foram censurados aquando da sua importação para França, limitando as crianças portuguesas aos apenas 29 episódios que 'sobreviveram' ao 'lápis vermelho' dos censores – o que, por sua vez, resultou num período de exibição relativamente curto; à laia de comparação, a transmissão inicial de 'Power Rangers' correspondeu a cerca de 200 episódios, 'Power Rangers Turbo' (que NÃO é baseado neste 'sentai', mas sim em 'Car Ranger') teve 45, e até os 'imitadores' 'VR Troopers' e 'Big Bad Beetleborgs' tiveram perto de 100 episódios cada.

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Graças à censura aplicada à versão importada para o Ocidente, a equipa de Turbo Rangers teria poucas oportunidades de entrar em acção na televisão portuguesa.

Este infeliz conjunto de factores predestinou, inevitavelmente, 'Turbo Rangers' a um rápido eclipsar das ondas audiovisuais lusitanas, e consequentemente, da memória do público-alvo, a qual não prima por longeva; não é, portanto, de admirar que, para a maioria das crianças da época, 'Power Rangers' seja tido como o primeiro contacto com este tipo de programa, já que mesmo quem viu 'Turbo Ranger' certamente já havia esquecido a sua existência quatro ou cinco anos depois - e com razão; tratava-se de uma série 'sentai' perfeitamente mediana, sem qualquer inovação a nível da trama, acção ou personagens (é a típica história de cinco jovens a bordo de veículos robóticos em luta contra uma bruxa de outro planeta, os seus capangas desastrados, e os respectivos monstros gigantes), com valores de produção muito abaixo dos padrões ocidentais da época, e cujo único elemento verdadeiramente memorável e acima da média era o ultra-contagiante tema de abertura da dobragem francesa, que se cantou muitas vezes 'foneticamente' lá por casa (mesmo sem perceber uma palavra do que era dito) e que partilhamos abaixo, para que também os nossos leitores possam ficar com ele na cabeça durante décadas...

Um dos grandes temas de abertura 'esquecidos' da TV portuguesa dos anos 90.

25.09.22

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Já por várias vezes aqui abordámos a dicotomia noventista entre enormes avanços tecnológicos e brinquedos 'físicos' baseados em conceitos extremamente simples, mas que, de algum modo, conseguiam entreter extensamente as crianças e jovens da época; pois bem, o assunto de que trataremos nas linhas abaixo insere-se, precisamente, neste último grupo, sendo talvez, a par dos LEGOs, um dos seus exemplos mais icónicos.

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As duas cores de exército mais comuns neste tipo de brinquedo.

Falamos dos batalhões de soldadinhos de plástico vendidos dentro de enormes baldes, cada um com dois 'exércitos' e (com sorte) alguns acessórios que permitiam montar um cenário de guerra, como tanques, cães, barris, caixas de munições ou pedaços de parede (o existente lá por casa incluía, além dos muros e tanques, uma bandeira e respectivo poste, uma tenda de socorros médicos e um desdobrável de plástico que podia ser usado como cenário ou chão – um exemplo 'de luxo', portanto). O resto ficava por conta da criatividade de cada criança, sendo as únicas 'ajudas' as diferentes poses dos soldados dos dois exércitos, alguns dos quais eram moldados em pé, outros agachados, em posição de corrida ou até deitados, dependendo da arma que empunhavam.

Talvez fosse, precisamente, esta limitação que tornava este tipo de brinquedo tão popular entre as gerações mais jovens da época, já que o facto de o mesmo não vir com a 'papinha toda feita' estimulava a imaginação, ajudando a transportar quem com ele brincava para aquele 'mundo' em que todas as crianças entram quando se envolvem neste tipo de actividade, em que tudo o que lhes passa na cabeça parece real; ou talvez o atractivo se prendesse com a vertente económica do produto, cujo preço tendia a ser relativamente acessível para a quantidade de material incluída.

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Os soldados de plástico ficaram imortalizados no filme 'Toy Story', entre outros produtos mediáticos da época.

Fosse qual fosse o motivo, a verdade é que estes soldadinhos foram tão populares nas últimas décadas do século XX (e, em menor escala, no início do seguinte) que se viram imortalizados em propriedades mediáticas tão bem sucedidas como os jogos da série 'Army Men' (que saíram no PC, Playstation, Game Boy, Nintendo 64 e várias outras consolas da época) e, claro, o filme 'Toy Story', em que os membros do exército desempenham um papel fulcral no início da trama; e ainda que, hoje em dia, a sua popularidade se encontre significativamente diminuída, a verdade é que continua a ser possível comprar um 'balde' de soldados verdes e cinzentos ou castanhos, com os quais encenar um cenário bélico no chão do quarto – prova de que os mesmos constituem um tipo de brinquedo verdadeiramente intemporal, e que dificilmente se extinguirá totalmente no futuro mais próximo.

24.09.22

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

O conceito de que não é preciso conceitos muito sofisticados para entreter uma criança ou jovem (sobretudo de menor idade) foi, por várias vezes, abordada aqui no Anos 90 – e, desta feita, chega a vez de adicionar mais um 'item' a essa lista em rápido crescimento. E se também já aqui anteriormente falámos de bolas (no caso, de futebol), neste post iremos abordar uma variante desse mesmo brinquedo, muito popular na época estival que ora finda.

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O modelo mais comum deste tipo de brinquedo.

Falamos das bolas de praia insufláveis, em tempos parte integrante e obrigatória da 'bagagem' de qualquer ida à praia ou piscina de ar livre com crianças. Invariavelmente maiores do que os próprios utilizadores, e normalmente decoradas com riscas verticais coloridas alternadas com branco, ou bonecos de um qualquer 'franchise' infantil da moda, estas bolas tinham, logo aí, dois importantes atractivos para crianças abaixo de uma certa idade, nomeadamente as ainda demasiado novas para se importarem com o facto de que qualquer jogo com as mesmas era, em virtude do seu tamanho e leveza, necessariamente muito menos preciso do que uma partida de 'raquetes' ou até um jogo de 'disco voador'; um jogo de futebol, por exemplo, era praticamente impossível, e mesmo a habitual troca de bola ao estilo 'futevólei' acabava, muitas vezes, com algum dos jogadores (ou um adulto) em perseguição rápida da bola, a fim de impedir que a mesma fosse levada pela maré.

Nada, no entanto, que desencorajasse as crianças 'noventistas' de continuarem a adquirir (e a divertir-se à grande com) este tipo de brinquedo, o qual continuou a ser quase indispensável entre os brinquedos de praia ou piscina até já depois da viragem do milénio, sendo mesmo uma opção popular de brinde em promoções de Verão – as da Nivea, por exemplo, foram quase tão icónicas como as suas congéneres famosamente 'plantadas' em postes de praias por esse Portugal fora na mesma época.. Desde então, no entanto (e apesar de ainda se encontrar largamente disponível em lojas de bairro, de praia, ou até em certas grandes superfícies) este tipo de diversão tem, gradualmente, vindo a perder preponderância nas praias portuguesas, substituída por outras, mais modernas e quiçá mais apelativas para as gerações correntes; quem cresceu nas últimas décadas do século XX, no entanto, não esquecerá os momentos de pura diversão que aquelas simples bolas coloridas, 'de encher', e quase maiores do que eles lhes proporcionou nos Verões da sua infância...

23.09.22

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

A sociedade adolescente da segunda metade dos anos 90 encontrava-se (mais ou menos) rigidamente dividida em 'tribos', identificadas e identificáveis, entre outros factores, pelas marcas de vestuário que favoreciam, entre as quais havia muito poucos 'cruzamentos'; existiam, sim, marcas universalmente populares, mas eram em número relativamente reduzido, dividindo-se o mercado nacional da época, em grande medida, entre marcas de 'betinhos', marcas de surf, marcas radicais, marcas alternativas, marcas 'dreads', muitas das quais ligadas ao movimento hip-hop, e, claro, as mais populares e omnipresentes de todas: as 'marcas' de contrafacção.

No entanto, e apesar de a maioria destas facções se manterem estritamente segmentadas, não deixava de haver uma pequena 'área cinzenta', povoada por marcas vestidas por quem não era um 'dread' legítimo, mas se queria ainda assim demarcar do epíteto de 'beto'. Com os seus 'designs' largueirões (como era apanágio da época) mas ainda assim lineares o suficiente para não 'assustar' os pais menos tolerantes, marcas como a Fubu, Counter Culture ou Fishbone tinham logrado expandir-se para lá do seu nicho inicial de fãs de 'hip-hop' e 'rap', e penetrar o mercado generalista, onde um público adolescente em processo de descoberta da identidade lhes dedicou uma calorosa recepção, não tardando a integrá-las no seu vestuário quotidiano, à laia de 'fashion statement'.

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Quem foi adolescente nos anos 90, teve, ou conheceu quem tivesse, uma sweatshirt praticamente igual a esta.

Claro que, como a maioria das outras peças de que aqui falamos, também este estilo de roupa acabou, inevitavelmente, por cair em desuso, após alguns anos de domínio de mercado; quem, no entanto, cresceu e foi adolescente nos anos da viragem do milénio certamente lembrará, com mais ou menos afecto, todas ou algumas destas marcas, quer por as mesmas terem adornado o seu corpo, quer o de colegas. E numa altura em que a tendência cíclica da moda começa a trazer as peças extra-largas de volta ao imaginário de estilo dos jovens (bem como muitas das marcas daquela época), não deixa de ser bem possível que se veja, em breve, um ressurgir destas marcas, que vão, ainda, sobrevivendo no seu nicho, à espera de outra 'hipótese' de penetrarem o mercado 'mainstream'...

22.09.22

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Há algumas edições atrás, falámos nesta rubrica da revista Riff, tendo à data erroneamente insinuado tratar-se da primeira revista nacional dedicada ao som de peso, vulgo metal; nas próximas linhas, iremos desfazer esse equívoco, e falar da revista que merece, verdadeiramente, essa distinção, e que foi a verdadeira pioneira das publicações especializadas sobre rock pesado em solo nacional – a Rock Power.

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Capa do número 1 da revista. (Crédito da foto: Rock no Sótão)

'Braço' nacional de uma publicação de âmbito internacional, publicada em oito países (a edição lusa mantinha, aliás, o 'slogan' em inglês), a Rock Power portuguesa 'rebentava' nas bancas em Junho de 1991, tendo como editor o antigo colaborador inglês da Música e Som, Ray Bonici, e como redactores a equipa por detrás do também imensamente popular programa 'Lança-Chamas', liderada pelo inevitável António Freitas - talvez o principal dinamizador do 'som de peso' na imprensa portuguesa, e que viria também a colaborar nas duas outras revistas nacionais sobre este tópico, a Riff e a ainda mais famosa e bem-sucedida Loud! Quanto à Rock Power, a sua função e dos seus colaboradores passava, primeiramente, apenas por traduzir e adaptar os textos da edição inglesa (a qual, aliás, servia também de base à edição espanhola, em tudo idêntica à portuguesa), num molde semelhante aos de revistas 'multinacionais' como a Mega Force, Super Power ou Revista Oficial Playstation; com o passar dos números, no entanto – e à medida que a revista se estabelecia – os mesmos principiaram também a criar, de raiz, tópicos especificamente ligados à cena rock e 'heavy metal' lusa, dando à publicação uma personalidade mais vincadamente portuguesa, à semelhança do que, lá por fora, iam fazendo congéneres como a Kerrang! e Metal Hammer espanholas.

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Outro número da revista, no caso, o Nº8 (Crédito da foto: Divulgando Banda Desenhada)

Além das habituais notícias, entrevistas, biografias e críticas aos mais recentes lançamentos, a revista destacava-se, ainda, por incluir banda desenhada, nomeadamente a famosa série 'Judge Dredd', originalmente publicada na compilação de culto inglesa '2000 AD'; apenas mais uma razão para os 'metaleiros' nacionais, até então totalmente privados de conteúdos editoriais oficiais relativos à sua 'cena', desembolsarem mensalmente os 350 escudos que a revista custava - muita 'massa' em dinheiro de 1991, talvez, mas – como as linhas anteriores terão, espera-se, demonstrado – um 'sacrifício' mais do que justificado para quem, até então, tivera de recorrer a 'fanzines' amadoras para se manter a par do que se ia passando no seu panorama musical de eleição.

JudgeDredd 1.jpg

Uma página de Judge Dredd, tal como apareceu no número 8 da revista. (Crédito da foto: Divulgando Banda Desenhada)

Quanto à revista em si, e apesar de não ter tido um ciclo de vida particularmente longo, nada lhe tira a distinção de ter desbravado um caminho sem o qual as posteriores 'versões melhoradas' da fórmula não poderiam ter existido – facto que, só por si, já torna merecido que se levantem um par de 'chifres' e uma imperial bem geladinha em sua homenagem.

21.09.22

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

Antes da entrada no mercado laboral, o calendário de uma criança ou jovem (de qualquer época da História) tende-se a reger-se por certos acontecimentos-chave, normalmente 'balizados' por períodos de férias; e, desses, um dos principais é, sem dúvida, o regresso às aulas – aquele processo social que se inicia ou com o regresso de férias, ou na semana das matrículas, e termina cerca de um mês depois, aquando do fim da segunda semana de aulas.

regresso_aulas.jpg

Neste período de pouco menos de trinta dias, o aluno médio (português ou de outro país, dos anos 90 ou da actualidade) abastecer-se-à do material necessário no hipermercado, supermercado ou loja de bairro mais próxima, reencontrar-se-à com amigos do ano anterior (ou fará novos), voltará a entrar na 'rotina' das aulas (ou ganhá-la-à, caso seja aluno da pré-escolar ou do primeiro ano do ensino básico), familiarizar-se-à com os livros de estudo e com o horário lectivo, conhecerá os novos professores e colegas de turma (e parece sempre haver novos colegas, mesmo em turmas que transitam do ano transacto) e, no caso dos praticantes de actividades extra-curriculares, perceberá como as mesmas se encaixam no seu quotidiano; a nível social, há ainda que impressionar os amigos com as histórias de férias (ou ter inveja, caso as deles tenham sido melhores do que as nossas), e aproveitar para perceber quais as 'modas' vigentes entre o corpo discente naquele ano, por forma a não ser apanhado desprevenido nesse campo.

Uma experiência relativamente imutável ao longo dos anos (e décadas, e séculos) cuja única diferença hoje em dia, em relação ao que se verificava há trinta anos atrás, se prende com o imediatismo da comunicação; isto porque, num período em que as redes sociais ainda não existiam e os telemóveis eram coisas básicas com ecrãs a preto-e-branco, era muito mais difícil saber dos amigos que não moravam perto de nós ou frequentavam os mesmos espaços – e, mesmo nestes casos, era preciso que os mesmos não tivessem ido de férias para fora, passar o Verão com a família remota, ou para uma colónia balnear. Assim, na prática, a maioria dos jovens em idade escolar acabava por só saber dos amigos e colegas aquando do recomeço das aulas, servindo aquelas semanas, também, para 'pôr a conversa em dia' e comparar 'notas' sobre o que os infindáveis três meses do Verão haviam rendido – informações que, hoje em dia, são praticamente inescapáveis por quaisquer duas pessoas que estejam conectadas numa rede social, reduzindo a necessidade de 'fofocar' com os colegas nos primeiros dias de aulas.

No cômputo geral, no entanto, pode considerar-se que a experiência do regresso às aulas se mantém, para os alunos portugueses, relativamente inalterada desde o tempo dos seus pais; as lousas podem ter sido substituídas por quadros inteligentes, e as fichas e circulares por emails ou 'apps' para telemóvel, mas o processo propriamente dito continua a ser essencialmente o mesmo das décadas de 80, 90 ou 2000, o que permite à geração que se 'estreia' agora na paternidade aconselhar, com conhecimento de causa, as novas gerações – um luxo a que eles próprios não chegaram a ter direito...

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