31.08.21
Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquêela década.
Os anos 90 serviram de berço a muita e boa música, tanto a nível internacional como especificamente em Portugal – bastando, aliás, passar os olhos pela nossa secção quinzenal dedicada aos artistas musicais mais influentes da década no nosso país para perceber isso mesmo. No entanto, numa era pré-Internet (e todas as facilidades a ela inerentes) nem sempre era fácil ao jovem português comum manter-se a par do que de novo se ia fazendo no espectro do seu estilo preferido, fosse ele o pop-rock, o hip-hop, a dance music, o alternativo, ou até a música pimba.
Felizmente para os aficionados musicais da época, a RTP tinha a resposta para este dilema, sob a forma de um programa exclusiva e especificamente dedicado a passar em revista os ‘tops’ de vendas musicais, segundo as tabelas da Associação Fonográfica Portuguesa.
Tratava-se do mítico ‘Top +’, um programa tão marcante para a juventude portuguesa como o ‘Templo dos Jogos’ ou o ‘Domingo Desportivo’, e que se inseria no mesmo segmento de emissões especializadas numa determinada área sócio-cultural (neste caso, a música, nos outros, os videojogos ou o desporto), e dirigida a um público-alvo com interesse específico na mesma. E, tal como aconteceu com os outros dois programas mencionados, a fórmula rendeu frutos quase imediatos, sendo o ‘Top +’ tão saudosamente lembrado como qualquer dos seus congéneres.
Transmitido com periodicidade semanal (sempre aos Sábados à tarde, pelas 14h00), dirigido pelo então intocável Carlos Cruz, e apresentado por Francisco Mendes e uma Isabel Figueira ainda longe da fama e das revistas cor-de-rosa, o ‘Top +’ não derivava por aí além do que se vinha fazendo no mesmo campo a nível internacional – aliás, antes da chegada da TV Cabo ao nosso país, aquela hora a seguir ao ‘Jornal da Tarde’ era o que um jovem ‘tuga’ tinha de mais aproximado a uma emissão da mítica MTV. Tal como nos programas exibidos naquele canal, os apresentadores do ‘Top +’ serviam, sobretudo, como elo de ligação entre os diversos segmentos daquilo que verdadeiramente interessava – a música, aqui (como na MTV) traduzida na emissão de ‘videoclips’ dos principais ‘campeões’ de vendas em território nacional.
Um conceito simples, mas de sucesso quase garantido, não tendo o ‘Top +’ sido excepção - no total foram uns impressionantes VINTE E DOIS ANOS no ar, desde o período analógico até ao dealbar da era do 4G, vinte e um dos quais com o mesmo formato (a partir de 2011, passaram também a ser mencionadas no programa as tabelas de vendas digitais, à medida que esta forma de aquisição de música ia ganhando força e presença no mercado.) Quando o programa foi descontinuado, em 2012, tinha o mesmo formato, a mesma duração, os mesmos apresentadores e até o mesmo horário de quando havia começado, em 1990, um feito nada menos do que histórico para qualquer emissão num meio tão volátil como o televisivo (ainda mais em Portugal) e uma prova cabal da relutância dos fãs de música em abandonar um formato que funciona – mesmo quando, como neste exemplo, este já se encontra mais que obsoleto…
A última emissão do Top +, de 2012, em tudo semelhante à primeira, exibida VINTE E DOIS anos antes