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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

18.04.21

NOTA: Este post corresponde a Sábado, 18 de Abril de 2021.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.

E nesta terceira edição falaremos de uma saída que, apesar de se ter banalizado em décadas subsequentes, era ainda, nos anos 90, muito especial para qualquer criança: a ida ao cinema.

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A razão para tal programa constituir uma grata e excitante surpresa prendia-se com uma conjugação de fatores exclusiva dos anos 90. Por um lado, a última década do século XX marcou a transição dos pequenos cinemas de bairro para os grandes complexos ‘multiplex’; por outro, a mesma ficou marcada pela prolífica quantidade de lançamento de filmes de interesse para o público infanto-juvenil – os quais, numa inteligente estratégia de ‘marketing’ por parte das distribuidoras, tendiam a estrear primeiro (ou apenas) nas tais grandes salas centralizadas, muitas das quais se inseriam nessa outra ‘meca’ de fim-de-semana para a miudagem dos anos 90, o ‘shopping’. E se só a ideia de ver um grande filme dirigido à nossa faixa etária já era entusiasmante, a oportunidade de fazer uma viagem de carro até um ‘shopping’, muitas vezes localizado na periferia de uma grande cidade, tornava toda a experiência ainda mais excitante para qualquer criança.

O entusiasmo continuava quando se entrava no cinema propriamente dito, o qual tendia a estar rodeado por uma área de enorme estimulação sensorial, completamente oposta aos escuros corredores e salas do típico cinema de bairro ou aldeia. Nestes novos complexos havia luzes brilhantes, figuras em papelão quase em tamanho real, ‘posters’ de lançamentos futuros e, claro, as características pipocas, até então um conceito desconhecido nos cinemas portugueses, mas desde aí parte indispensável da experiência de ir ao cinema. Tudo somado, a área comum de um ‘multiplex’ constituía, em si mesma, um verdadeiro mundo de maravilhas para uma criança ou jovem, que apenas ajudava a aumentar a antecipação para o filme que se ia ver.

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As áreas exteriores das salas 'multiplex' não mudaram muito desde aquela época.

E, normalmente, o filme não defraudava – ou não fossem os anos 90 a era do Renascimento Disney, da Pixar, da Dreamworks, do Sozinho em Casa, do Beethoven, dos filmes dos Power Rangers e Tartarugas Ninja, do Space Jam e dos épicos de acção ‘grandes e explosivos’, estilo Schwarzenegger e Van Damme. No geral, qualquer que fosse o filme escolhido, era muito mais provável a criança sair da sala com uma memória para a vida do que desapontado ou indiferente ao que tinha visto.

Este aspeto memorável estava, também, intimamente ligado ao facto de que ir ao cinema estava longe de ser uma atividade frequente – até por os bilhetes serem, comparativamente, muito mais caros que os atuais. Uma criança com pais generosos podia esperar ir ao cinema três a cinco vezes por ano, não mais do que isso – normalmente quando saíam os novos filmes animados e ‘de famìlia’, ou seja, na altura da Páscoa, ou nas férias de Natal. Os outros iam ainda menos – só mesmo quando o dinheiro dava – tornando cada ida ainda mais inesquecível e especial.

E vocês? Iam frequentemente ao cinema? Que filmes se lembram de ter visto? Quais vos marcaram mais? Por aqui, ‘Sozinho em Casa’ foi o campeão, tendo sido visto cinco (!!) vezes no cinema, mas os filmes da Disney, os das Tartarugas Ninja, o ‘Parque Jurássico’, ‘Fievel no Faroeste’, ‘Ferngully – A Última Floresta Tropical’, ‘Hook’, ‘Batman Para Sempre’ e ‘Beethoven’ – entre outros – também deixaram a sua marca. Isto sem esquecer o primeiro filme ‘para crescidos’: ‘Duplo Impacto’, com Jean-Claude Van Damme.

E os vossos? Quais foram? Partilhem memórias nos comentários!

16.04.21

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

E hoje falamos daquele que é, senão o mais marcante, pelo menos um dos mais marcantes filmes dos anos 90 para todos aqueles que tinham idade suficiente para o ver: o glorioso e inesquecível ‘Parque Jurássico’.

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Lançado em 1993, mas chegado a Portugal com alguns meses de atraso, este filme trazia a chancela, por um lado, de Steven Spielberg – O realizador por excelência de filmes ‘de família’ nos anos 80 e 90 – e, por outro, da Industrial Light and Magic, a lendária companhia de efeitos especiais de George Lucas, que se encarregava dos efeitos e criaturas do filme.

A junção destes dois gigantes da indústria de ‘blockbusters’ para todas as idades só podia mesmo resultar num clássico do género, e foi sem dúvida nisso que ‘Parque Jurássico’ se tornou, cativando crianças e adolescentes um pouco por todo o Mundo, e lançando – ou relançando – o interesse das mesmas nesses seres misteriosos e majestosos chamados dinossauros.

Portugal não foi, é claro, excepção, e naquele ano de 1994 era difícil encontrar uma criança, especialmente do sexo masculino, que não tivesse pelo menos um dinossauro de borracha no quarto. A maioria, além dos brinquedos, tinha também livros explicando a vida destes seres – em maior ou menor detalhe – além de outros objetos alusivos ou à pré-história, ou pelo menos ao filme de Spielberg. O sucesso da temática pré-histórica entre as crianças portuguesas já não era novidade à época – o Museu Nacional de História Natural já tivera enorme sucesso com a sua exposição sobre dinossauros no início da década – mas ‘Parque Jurássico’ veio contribuir para que mesmo quem não tinha qualquer interesse nesse tipo de assunto tentasse descobrir o máximo possível sobre a verdadeira existência das criaturas retratadas no filme.

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Quem era da idade certa e não tinha pelo menos um destes em 1994, que se acuse...

A razão de tal sucesso é fácil de compreender; o filme combina um argumento inteligente ‘para todas as idades’ (cheio de ação e aventura mas com o cuidado de criar personagens memoráveis para alicerçar os momentos mais excitantes) com efeitos especiais que continuam a ser impressionantes quase trinta anos depois, criando uma fórmula vencedora e única que tanto a ‘concorrência’ como os próprios Spielberg e Lucas nunca mais conseguiriam repetir. Certos momentos do filme (como o primeiro contato da equipa de cientistas com um dos dinossauros recriados, a famosa cena com o T-Rex, na floresta, ou a igualmente célebre cena com as duas crianças na cozinha) eram extremamente eficazes em evocar as emoções corretas por parte do público-alvo, fossem elas de fascínio ou de medo – sendo este, aliás, um dos pontos mais fortes de Spielberg como realizador. Os seus filmes tendem a colocar o espectador ‘ali mesmo’, com os personagens, a sentir o que eles sentem – e, nesse aspeto, ‘Parque Jurássico’ não é, definitivamente, exceção. Em suma, o filme merece não só o sucesso de que gozou à época, mas também o estatuto de clássico que adquiriu desde então, continuando a constituir uma excelente escolha para uma tarde de cinema em família.

Com todo o burburinho que causou, e lucro de bilheteira que obteve, não foi de todo de admirar que ‘Parque Jurássico’ fosse alvo de uma sequela ainda na mesma década.

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Lançado nos cinemas quatro anos depois do original, em 1997, ‘O Mundo Perdido’ baseava-se, tal como o original, num romance de Michael Crichton, ele próprio uma sequela do livro em que o primeiro filme se baseara. Infelizmente, tanto o livro como o filme ficaram muito aquém dos seus antecessores, não tendo conseguido causar a mesma sensação do original – talvez por a fórmula já estar gasta, ou talvez por o público que aderira em massa ao filme de 1993-94 ser agora alguns anos mais velho, e ter já ultrapassado a ‘fase’ dos dinossauros.

Apesar deste revés, o ‘franchise’ teria ainda ‘pernas’ suficientes para se esticar a uma segunda (e discretíssima) sequela, já no novo milénio - o estúpido-mas-divertido ‘Parque Jurássico 3’, lançado em 2001, já muito longe do orçamento de produção e ‘glamour’ mediático do primeiro filme da série.

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Ainda assim, o terceiro episódio vale a pena para os fãs do original, já que introduz um novo dinossauro, o estupidamente ‘cool’ Spinosaurus – isto para além de não ser, de todo, um mau filme de aventuras para toda a família, tendo herdado pelo menos essa característica do seu antecessor.

Apesar deste último esforço, no entanto, o ‘franchise’ ‘Parque Jurássico’ ficar-se-ia mesmo por aí…pelo menos até 2015, ano em que – em plena febre dos ‘reboots’ – também esta série seria alvo de um ‘novo início’, com Tom Hardy no papel principal que, em tempos, fora de Sam Neill.

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Agora com o título de ‘Mundo Jurássico’ – porque um ‘remake’ tem sempre de ser maior e mais ambicioso – o filme centrava-se no parque zoológico do mesmo nome, construído no local do parque original, e que também não conseguia evitar alguns dos problemas que assolaram o mesmo – nomeadamente a tendência que criaturas de vários metros de altura e dentes aguçados têm para perseguir visitantes indefesos… Divertido ‘sem mais’, o filme foi no entanto um êxito de bilheteira, dando azo (até agora) a pelo menos uma sequela, que - como já havia sido o caso com ‘O Mundo Perdido’ – foi bastante menos bem recebida que o original.

Nenhum destes filmes, no entanto, consegue superar o original, que continua a afirmar-se como o expoente máximo da franquia, vinte e sete anos após o seu lançamento em Portugal ter tornado toda uma geração de ‘putos’ em maníacos dos dinossauros. E vocês? Contavam-se entre eles? Que pensavam do filme? Deste lado, éramos definitivamente fãs, daqueles que tinham um cesto cheio de replicas de borracha das diferentes espécies, e ‘devoravam’ tudo quanto fossem livros sobre o assunto. Também era o caso convosco? Partilhem as vossas opiniões nos comentários! Entretanto, fiquem com o tema clássico de John Williams, para vos ajudar a reavivar as memórias...

DO-DO-DOOO-DOO-DOO! DO-DO-DOOO-DO-DOO! DO-DO-DOO-DOO!

15.04.21

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

E hoje vamos falar de uma ‘quinquilharia’ que transitou de décadas anteriores, e que acabou por ter mesmo o seu ocaso na década de 90, mas que ainda era presença suficientemente assídua nas papelarias e lojas de brinquedos da época para justificar a sua inclusão nesta secção: o saquinho de berlindes.

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Este é um dos raros casos em que as crianças portuguesas acabaram por beneficiar da décalage cultural que o país apresentava naqueles anos. Isto porque, em outros países, os berlindes são já tidos como uma relíquia, uma daquelas coisas que só se vêem em filmes de época - mesmo para jovens nascidos nas décadas de 80 e 90. Já em Portugal, as pequenas bolinhas de vidro colorido continuaram a fazer parte da infância de muitas crianças até no mínimo a meados dessa década – pelo menos em certas regiões do País.

O atrativo dos berlindes junto das crianças e pré-adolescentes não é, de todo, difícil de compreender. Baratos (qualquer semanada chegava para comprar uma das tradicionais 'redinhas' com vários berlindes pequenos e um 'abafador' com o dobro do tamanho), de aspeto atrativo e ligados a um jogo competitivo em que se lucrava com a vitória e se podia ‘rapar’ o adversário, os pequenos globos constituíam a ‘quinquilharia’ perfeita para uma certa faixa etária, a mesma que se ‘viciou’ nos Tazos alguns anos depois. O facto de, desde essa época, terem caído em desuso e praticamente desaparecido da vida quotidiana das crianças só pode, pois, ser ligado a uma mudança de mentalidades ou interesses – talvez os ‘putos’ da Geração Z já não gostem de coleccionar coisas brilhantes e vistosas possíveis de serem ganhas em jogos de recreio…

(Claro que havia quem comprasse berlindes apenas para coleccionar, mas não tentemos disfarçar a verdade - giro, giro, era disputar partidas com outros miúdos e tentar ganhar aquele berlinde lindo de morrer que o adversário, num assomo de excesso de confiança, punha em campo logo de início…)

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Os berlindes com padrões mais atrativos e fora do vulgar eram sempre os mais cobiçados...

Curioso é que, à época, havia duas maneiras ‘aceites’ de jogar ao berlinde, ambas igualmente competitivas. Curioso, também, é que a versão tradicionalmente aceite do jogo (aquela com um círculo desenhado no chão, que se vê normalmente em BDs, filmes, e outros trabalhos de ‘media’) até era a menos popular, pelo menos nan ossa experiência; lá pela escola, a maioria dos ‘putos’ jogava à versão em que se escavavam três ou quatro buracos, e se tentava ser o primeiro a completar o ‘circuito’, sempre palmando todo e qualquer berlinde em que o nosso batesse pelo caminho. No fundo, uma espécie de ‘jogo da macaca’ com berlindes, em que – num daqueles exemplos perfeitos de ‘regras de recreio’ que ninguém escreve mas toda a gente cumpre - chegava a não ser permitido usar ‘abafadores’ para não criar desvantagem competitiva a quem não os tinha…

Em suma, e apesar da presença de inúmeros outros atrativos, incluindo ‘quinquilharias’ clássicas como os Tazos, os Matutolas ou os cromos de futebol, os berlindes tinham mesmo os seus adeptos entre as crianças portuguesas nos anos 90 – entre os quais nos incluíamos, apesar de o jeito não ser lá muito. E vocês? Gostavam desta ‘quinquilharia’? Coleccionavam? Jogavam? Deixem as vossas recordações nos comentários!

14.04.21

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

E para completer a trilogia de posts sobre ‘franchises’ de ‘revistinhas’ com grande sucesso em Portugal, nada melhor do que falar de uma série de publicações que continua disponível, e a fazer mais ou menos sucesso, até aos dias de hoje.

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Sim, a Turma da Mônica – mais uma importação brasileira a chegar às bancas portuguesas, e a conhecer grande sucesso entre a miudagem do nosso país.

Criados nos anos 60, e disponíveis nas bancas portuguesas pelo menos desde o início da década seguinte, foi no entanto no período entre o final dos anos 80 e o princípio do novo milénio que os personagens de Mauricio de Sousa viveram os seus melhores anos, quer em termos de argumento, quer de desenhos. Quem leu as revistinhas da Turma nesta época certamente guarda na memória as histórias de comprimento perfeito, com desenhos dinâmicos, e movidos a ‘gags’ e diálogos hilariantes, que jogavam com as características de cada personagem - o mau-génio da líder Mônica, a ‘inteligência saloia’ do futuro supervilão Cebolinha, o medo da água do Cascão, o apetite incontrolável da magricela Magali ou a ingenuidade inocente do aldeão rural Chico Bento - de modo inteligente e natural. Ou seja, as obras saídas dos estúdios da Mauricio de Sousa Produções davam às crianças fãs da Turma exatamente aquilo que a maioria delas procurava de títulos com teor humorístico – muitas e boas gargalhadas, temperadas com a dose certa de emoção, aventura e lições de moral, melhor ou pior interiorizadas pelos personagens.

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Algumas das revistas da Turma lançadas durante os anos 90.

De notar que, ao contrário das revistas Disney e dos super-heróis da Marvel e DC, dos quais falámos em anteriores Quartas de Quadradinhos, nunca foi feita nenhuma tentativa de nacionalizar a produção da Turma da Mônica, mesmo durante o seu período de maior sucesso em Portugal – e ainda bem! Os personagens e as suas vivências são tão tipicamente brasileiros que tentar adaptá-los só poderia dar errado – veja-se o que aconteceu com as poucas histórias de Zé Carioca editadas em ‘português de Portugal’. A decisão de continuar a importar as aventuras de Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali e Chico Bento foi, portanto, acertada – até porque as revistas davam às crianças portuguesas um vislumbre de uma realidade diferente, com marcas, programas, atrações turísticas e rituais culturais e quotidianos muito diferentes daqueles que elas próprias vivenciavam.

O sucesso destas revistinhas em Portugal foi, ainda, suficiente para justificar a comercialização de algum ‘marketing’ da Turma, do qual o maior destaque vai para os deliciosos chocolates da Nestlé, vendidos em pacotes de várias unidades, cada uma das quais incluía um molde de um personagem, em chocolate branco, dentro de um quadrado de chocolate de leite. Quem comeu sabe que bem esta combinação resultava – especialmente a acompanhar a leitura de uma das revistas da série. De igual modo, algumas das compilações de episódios animados baseados nos personagens, como ‘A Turma da Mônica e a Estrelinha Mágica’, tiveram, à época, honras de exibição cinematográfica em Portugal, além de serem lançadas em VHS.

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Talvez o melhor chocolate que vocês nunca comeram.

Infelizmente, com o passar dos anos e o aumentar do sucesso, as revistas da Turma da Mônica foram infantilizando e ‘saneando’ cada vez mais os seus argumentos, à medida que adicionavam mais e mais personagens secundários ao grupo. A partir dos anos 2000, as histórias passaram a ser caracterizadas por um humor muito mais ‘random’, que se juntava a desenhos cheios de caretas exageradas para criar algo bem ao gosto da Geração Z mas que, infelizmente, não agradava tanto aos leitores mais velhos. Nos anos 2010, a situação agravou-se ainda mais, passando a maioria das revistas a contar com feios traços digitais, e com os argumentos a sofrerem sob o escrutínio do politicamente correto – a ponto de certos personagens se descaracterizarem completamente, como a ex-comilona Magali e o agora asseadíssimo Cascão, que passou de fugir de torneiras a pingar (nos anos 80 e 90) para lavar as mãos sem hesitações, tudo em nome de não dar maus exemplos aos jovens leitores.

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O próprio Cascão não gosta da ideia - e com razão...

Um desiderato louvável mas que, infelizmente, tirou grande parte do interesse a estas clássicas revistinhas, pelo menos para quem as leu durante a sua melhor fase – embora o sucesso não pareça ter diminuído entre as crianças actuais, que viram até ser produzido e lançado um filme ‘live-action’ sobre as suas personagens favoritas, em 2019.

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Poster do filme 'Turma da Mônica: Laços', de 2019

Ainda assim, não há como negar que, para quem as leu, aquelas histórias dos anos 80 e 90 marcaram toda uma época, e farão para sempre parte da memória nostálgica daqueles anos mágicos.

E vocês? Liam estas revistas? De quem mais gostavam? Por aqui, a preferência ia para o Cebolinha, com Cascão e Chico Bento nos outros dois lugares do pódio. Concordam? Discordam? Façam-se ouvir nos comentários!

13.04.21

A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.

E se em semanas anteriores abordámos aqui as consolas ‘best-seller’ da Sega e da Nintendo durante os anos 90, hoje, chegou a altura de falar do sistema que, vindo do nada, as destronou a ambas, e se tornou talvez a máquina de jogos mais emblemática de toda a ‘nossa’ década…

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A verdadeira 'caixinha de sonhos' para os putos da década de 90.

Sim, essa mesmo – a Sony PlayStation, também conhecida como uma das melhores consolas não só daquela época, mas da história dos videojogos. Tendo gerado, até agora, nada menos do que quatro sucessoras, a caixa cinzenta da então novata Sony constituiu talvez a mais surpreendente história de sucesso do panorama dos videojogos modernos – com Portugal a não constituir exceção nesse aspecto.

Lançada em 1995, numa época em que tudo era ainda novo e excitante e incerto no mundo dos videojogos (e da eletrónica em geral), a PlayStation original tinha a difícil missão de suplantar a Sega Saturn, cujo inovador modo de funcionamento (através de CDs) e impressionantes gráficos poligonais vinham cativando uma geração de ‘gamers’ habituada a usar os algo limitados cartuchos e a ver os jogos de lado ou de cima, num plano bi-dimensional. Jogos como ‘Virtua Fighter’ e a lendária versão de ‘Tomb Raider’ deixavam as crianças e adolescentes da época de ‘queixo caído’ com a sua sofisticação, enquanto jogos divertidos como ‘Daytona USA’, ‘Sega Rally’ ou mesmo ‘Sonic 3D’ representavam aliciantes adicionais para a compra da consola.

Foi para dentro desta arena que a Sony bravamente atirou a sua pequena máquina cinzenta, a qual, apesar das menores dimensões e falta de memória interna relativamente à rival (obrigando ao uso de cartões de memória, o qual representava um custo adicional) mostrou estar mais do que à altura do combate com a mesma – vindo mesmo, rapidamente, a derrotá-la, e a afirmar-se como A consola de 32-bits por excelência.

Os motivos para esta contundente vitória não eram difíceis de perceber. Uma combinação de gráficos ainda melhores que os da Saturn com jogos ainda melhores que os da Saturn (entre os títulos de lançamento da PS estavam jogos como ‘Crash Bandicoot’, ‘Ridge Racer’, ‘Wipeout’ ou ‘Tekken’) ajudou a estreante consola da Sony a entrar rapidamente e de rompante nos corações dos jogadores de todo o Mundo – incluindo dos portugueses – e a tornar-se o presente mais desejado dos Natais de 1995 e 1996 para jovens de todas as idades. Até mesmo a revolucionária Nintendo 64, com o dobro da potência da PlayStation, se viu e desejou para rivalizar com a consola da Sony (até pelos jogos muito mais caros, e no obsoleto formato de cartucho em vez do vigente CD) acabando por ter de contentar-se com um estatuto de culto, que mantém até hoje.

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'Wipeout', um dos jogos de lançamento da consola

Com a última adversária ‘fora de jogo’, estava aberto o caminho para o reinado da hoje chamada Playstation One. E que reinado teve a consola da Sony! A pequena caixa cinzenta – que mais tarde se tornou ainda mais pequena e branca, com o lançamento do modelo PSOne – dominou o que restava dos anos 90 e o princípio da década seguinte, resistindo, qual gaulês de Goscinny e Uderzo, à investida de 128 bits da Sega (com a revolucionária mas malograda Dreamcast, uma espécie de ‘Saturn parte II’) e ao aparecimento da nova geração de consolas portáteis de 32 bits, entre outros fenómenos tecnológicos da época.

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O modelo PSOne

A única consola que conseguiu tornar obsoleta a PlayStation One foi, portanto…a PlayStation 2, lançada em 2000 e que confortavelmente ocupou o lugar que havia sido da sua antecessora. Mesmo assim, o ciclo de vida da ‘Um’ não teve fim imediato – pelo contrário, a pioneira de 32 bits ainda se ‘aguentou’ algum tempo, tendo acabado por ‘reformar-se’ com elegância, não sem antes oferecer aos ‘gamers’ da sua geração excelentes versões 32-bits de jogos como ‘Tony Hawk’s Pro Skater 3’. Quanto ao seu legado, esse, é inegável, sendo a caixinha de surpresas da Sony tida ainda hoje - passadas quase duas décadas da sua retirada - como um dos melhores sistemas de jogos de sempre, tendo mesmo feito parte da atual série de replicas ‘Mini’ (das quais é, infelizmente, de longe a pior…)

E vocês? Tinham PlayStation? Quais os vossos jogos favoritos? Por aqui, não se tinha, mas queria-se – desesperadamente. Entretanto, ia-se jogando nas lojas e em casa de amigos…e vinte anos depois, acabar-se-ia mesmo por viver o sonho de infância, sendo que hoje em dia ‘mora’ cá por casa uma caixinha cinzenta que toca CDs pretos, e que é tão prezada como teria sido lá nos idos de 1997…

13.04.21

NOTA: Este post corresponde a Segunda-feira, 12 de Abril de 2021.

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

E hoje falamos de uma série que, apesar de dirigida a um público adulto, fez também grande sucesso entre os grupos etários mais novos quando foi transmitida em Portugal – primeiro pela RTP e depois, memoravelmente, pela TVI.

Sim, essa mesmo – a lendária 'Baywatch', conhecida em Portugal como ‘Marés Vivas’, e que marcou as tardes de muitas crianças e adolescentes durante aquela década.

Inicialmente concebida em 1989, como homenagem a um acontecimento real, a série sobre a equipa de banheiros salva-vidas mais atraente da história não viria, no entanto, a conhecer sucesso até ao início da década seguinte, tendo as audiências da primeira temporada sido bastante discretas por comparação com as dez seguintes. Ainda assim, após ter ganho tracção, a série tornou-se um verdadeiro fenómeno, sendo ainda hoje o programa de ficção mais visto da história da televisão.

Como não podia deixar de ser, esse sucesso acabaria, eventualmente, por ‘dar à costa’ em Portugal (sem que houvesse qualquer equipa de esculturais salva-vidas pronta a prestar socorro) alguns anos depois de ter conhecido sucesso nos EUA – como, aliás, costumava acontecer com a maioria dos produtos de ‘media’ daquele tempo. Talvez conhecedora do sucesso que o programa fazia do outro lado do Atlântico, a RTP comprou os direitos de transmissão, tornando-se a primeira estação a exibir as aventuras de Mitch Buchannon e companhia em território nacional. O proveito, no entanto, ficaria para a TVI, pois seria sob a alçada da estação de Queluz que a série viveria o seu momento de maior popularidade entre os espectadores portugueses. Ao todo, foram cinco anos, de 1992 a 1997, em que o grupo de nadadores-salvadores de Malibu se tornou companhia fiel de miúdos e graúdos, tornando a série num dos mais memoráveis êxitos da televisão portuguesa nos anos 90.

A razão para este sucesso, essa, é bem conhecida…

 

Sim, a famosa ‘corrida em câmara lenta’, a principal imagem de marca de ‘Marés Vivas’, é famosa ao ponto de se ter tornado meme na Internet...antes mesmo de existir o conceito de meme. Concebida com o fito único de realçar os atributos físicos do elenco, acontecia no mínimo uma vez por episódio, e era o momento favorito da maioria dos espectadores, até aqueles que viam a série pelas histórias. Isto porque os ‘corredores’ constituíam um verdadeiro desfilar de corpos esculturais, com destaque para Pamela Anderson Lee (dona, à época, das curvas mais conhecidas do Mundo) mas entre os quais também se contavam nomes como Carmen Electra e Yasmin Bleeth (do lado das mulheres), ou os 'três Davids' - David Chokachi, David Charvet e o próprio Hasselhoff - do lado dos homens, todos presenças assíduas nas revistas de 'teen idols' da época. No cômputo geral, havia muito que admirar, fazendo com que valesse a pena ver os episódios, até quando as histórias eram mais ‘fraquinhas’…

Que não se pense, no entanto, que as tais cenas em ‘slow-motion’ eram tudo o que Marés Vivas tinha para oferecer; pelo contrário, no auge da sua popularidade, o programa contou com ‘cross-overs’ com a companhia de luta-livre americana WCW, entre outros atrativos de peso para o público jovem. Isto sem esquecer Hobie o filho de Mitch, um personagem adolescente destinado a servir de ‘elo’ com o público, e que era relativamente bem-sucedido nessa missão. No entanto, não vale a pena tentar negar que, sem as mulheres em fato de banho e os homens em tronco nu a correr na praia, tudo isto teria sido, mais ou menos, em vão…

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Em suma, ‘Marés Vivas’ era exatamente aquilo que ambicionava ser – uma série ‘levezinha’, declaradamente ‘popcorn’, de escapismo puro (veja-se o elenco…) e que se alinhava perfeitamente com outros produtos televisivos da época que aqui abordaremos paulatinamente, como ‘Beverly Hills 90210.’ O legado e estatuto de que hoje goza devem-se, sobretudo, à paixão da Internet pela nostalgia da infância, para a qual estamos, neste preciso momento, a contribuir. Ainda assim, o seu sucesso foi suficiente para justificar não uma, mas DUAS séries ‘spin-off’, ‘Baywatch Nights’ e ‘Baywatch Hawaii’, esta com Jason Momoa com um dos membros da equipa.

É claro que nenhuma das duas sequer ameaçou atingir os níveis de sucesso do original, e o ‘franchise’ viria mesmo a desaparecer da memória colectiva da sociedade em geral…até 2017, em que a febre dos ‘remakes’ de tudo e mais alguma coisa levou a uma tentativa de ressuscitar ‘Baywatch’, sob a forma de um filme com The Rock e Zac Efron nos principais papéis, e uma toada mais declaradamente cómica.

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Poster do filme de 2016

Apesar da recepção afável de que gozou, no entanto, o filme não deixou totalmente satisfeitos nem os fãs da série – que não gostaram do tom de paródia – nem aqueles que esperavam uma abordagem mais sarcástica, para os quais o filme se afirmou demasiado sério. Assim, e até ver, a dita longa-metragem terá mesmo sido o último prego no caixão deste ‘franchise’ que marcou tantas crianças e adolescentes durante os seus anos áureos – não sendo Portugal exceção a essa regra.

E vocês? Viam? Gostavam? Qual o vosso salva-vidas-modelo favorito? Por aqui, a então jovem Carmen Electra ganhava (e ainda ganha…) à plástica Pamela… Concordam? Discordam? Façam-se ouvir nos comentários!

11.04.21

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos desportivos da década.

NOTA: Este post foi alvo de algumas alterações, após feedback do leitor Paulo Próspero, a quem agradecemos as correcções.

E que melhor maneira de dar seguimento a esta rubrica do que falando da melhor equipa  de que a Seleção Nacional portuguesa alguma vez desfrutou, e que teve o seu auge precisamente durante os anos 90?

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Dois dos expoentes máximos do futebol português das décadas de 90 e 2000

Sim, hoje vamos falar da mítica ‘Geração de Ouro’, o grupo de jogadores que se sagrou bi-campeão nacional de sub-21, e mais tarde guiou a Seleção das Quinas a algumas das suas melhores prestações de sempre em campeonatos internacionais, culminando naquela célebre e amarga final do Euro 2004, em pleno Estádio da Luz, depois de mais uma enorme campanha.

Mas comecemos por onde se deve, ou seja, pelo início. Início esse que se deu em Riade, Arábia Saudita, palco do Campeonato Mundial de Juniores de 1989. Foi nesse local, durante o verão do último ano da década de 80, que Luís Figo, Rui Costa, João Vieira Pinto, Paulo Sousa, Jorge Costa, Paulo Madeira e Fernando Couto jogariam pela primeira vez juntos, ao lado de nomes menos conhecidos ou ‘esquecidos’ como Cao, Valido, Gil ou Toni. E o resultado desta junção de talentos não podia ter sido melhor – o grupo não só conquistou o campeonato naquele ano, como viria a revalidar a façanha dois anos depois, em território nacional, e com a equipa já acrescida de nomes como Abel Xavier ou Rui Bento. Bicampeões mundiais antes dos 21 anos, portanto – uma façanha de que apenas as melhores equipas do Mundo (e de sempre) se podem gabar.

Mas a beleza da história da Geração de Ouro é que, conforme indicámos no parágrafo anterior, este duplo triunfo constituiria apenas o início da sua caminhada. Durante os 15 anos seguintes, este mesmo grupo de jogadores daria mais ao país do que qualquer outro da era pré-Cristiano Ronaldo, e faria história tanto em competições internacionais como de clubes. Pelo caminho, alguns nomes ficariam para trás – João Oliveira Pinto, Paulo Torres, Bizarro – e outros se juntariam ao grupo-base, casos de Vítor Baía, Dimas, Rui Jorge, Pauleta, Deco ou o próprio CR7. A base, no entanto, não se alteraria, tendo todos ou alguns dos nomes citados acima estado presentes em todas as convocatórias da Seleção Nacional entre o Euro '96 e o Campeonato Europeu realizado em Portugal dez anos depois.

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A equipa portuguesa no Mundial de 2002

Nesse espaço de sensivelmente uma década, este mesmo grupo iria do melhor (aquela campanha do Euro 2000, fadada a acabar num golpe de azar depois de um esforço hercúleo de todo o grupo, ou a do Euro 2004, gorada por duas desatenções defensivas) ao pior (a vergonhosa campanha de 2002, na Coreia e Japão, ‘coroada’ pelo famoso murro desferido por João Vieira Pinto ao árbitro da partida com a Coreia do Sul), sempre com os níveis de apoio dos adeptos bem em alta. Aquela era, de facto, uma Seleção Nacional que valia a pena apoiar, e que dava gosto ver jogar, ficando na memória dos adeptos mais jovens durante a década de 90 as eliminatórias de grupos marcadas por ‘cabazes’ regulares ao Liechtenstein (o nosso ‘saco de treino’ preferido), Luxemburgo e outras seleções a que, hoje em dia, a equipa se vê e deseja para ganhar. Nessa época, menos que 4-0 a esse tipo de seleções era derrota, e normalmente os jogos acabavam com resultados mais perto dos dez golos de diferença do que do um ou dois normais em confrontos internacionais.

Já contra equipas do mesmo nível ou acima, os jogos eram, previsivelmente, bastante mais renhidos, mas mesmo assim, a equipa fazia boa figura, ficando na memória a reviravolta contra a Inglaterra, no jogo de abertura do grupo A do Euro 2000, ou a malfadada meia-final contra a França, em que uma mão de Abel Xavier no prolongamento ditou o adeus - isto já para não falar do Ricardo a defender penalties de Beckham e companhia sem luvas, em 2004. Estes momentos de triunfal brilhantismo quase ajudam a esquecer ‘borrões’ como os de 2002 – em que Portugal fez uma fase de grupos paupérrima contra adversários mais do que acessíveis – ou de 1996, em que um golo do benfiquista Poborsky, mais tarde do Manchester United, ditaria o afastamento nos quartos de final. Qualquer que fosse o resultado, no entanto, uma coisa era certa – qualquer campanha de Portugal constituía uma verdadeira ‘montanha-russa’ emocional, o que tornava os jogos da equipa ainda mais entusiasmantes.

21 anos depois, ainda emociona...

Claro que haverá quem diga que a equipa de 2016 era melhor – até porque conseguiu o que a Geração de Ouro nunca chegou a conseguir. No entanto, para quem prefere os ‘quases’ com espetáculo do que as conquistas com sorte e serviços mínimos, aquele grupo de jogadores continua a ser irrepetível – uma espécie de ‘dream team’ do Manchester United, mas em versão internacional. E que saudades deixam aqueles ‘passeios’ de 8-0 consecutivos nas fases de apuramento, em vez do constante ‘suar’ (e somar, no sentido de fazer contas) das trajetórias actuais…

E vocês? Que memórias retêm da Geração de Ouro do futebol português? Quem era o vosso jogador favorito? Aqui por casa, e apesar da afiliação clubística ‘contrária’, a preferência sempre foi para o ‘génio’ baixote, João Vieira Pinto… Concordam? Discordam? Façam-se ouvir nos comentários. E até lá, gritem Portugal!

10.04.21

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos e acessórios de exterior disponíveis naquela década.

E se no primeiro episódio desta rubrica falámos dos patins em linha, hoje vamos falar de outro equipamento, não menos popular entre as crianças da época: a bicicleta BMX.

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Os anos 90 – não só em Portugal como em outros países, como o Brasil – foram uma época estranha para estas bicicletas de rodas pequenas e guiador alto. Isto porque, enquanto que em outras décadas este tipo de veículo ficava mais ou menos restrito ao mundo dos desportos radicais, durante os anos 90, o mesmo tornou-se quase o padrão de bicicleta para crianças de uma certa idade – nomeadamente, aquelas que já eram muito grandes para bicicletas infantis, e não eram ainda grandes o suficiente para ‘biclas’ de montanha, as chamadas BTT. Enquanto que hoje em dia vemos crianças em idade de instrução primária ou preparatória já montadas em bicicletas quase maiores do que elas, naquele tempo, a bicicleta BMX servia como uma espécie de etapa ou degrau intermédio, que ganhava pontos extra entre a miudagem por ter uma aura desejável e ‘fixe’ - à conta da referida associação aos desportos radicais, que estavam na altura em alta entre os jovens portugueses, mas também dos seus designs atraentes e cores arrojadas. Assim, onde hoje se vêm BTTs, viam-se, na altura, muitas BMX, a maioria pilotada por crianças e adolescentes entre os 8 e os 14-15 anos.

Um facto curioso em relação a estas bicicletas, e potencial motivo de orgulho para os ‘putos’ portugueses daquele tempo, prende-se com o facto de vários dos mais populares modelos de BMX serem feitas no nosso país. As marcas Esmaltina e Orbita, duas das mais populares entre os miúdos dos 90s, eram de fabrico cem por cento nacional, tendo ambas as marcas um elevado padrão de qualidade que as colocava entre as melhores disponíveis no setor na época. O facto de estas marcas estarem disponíveis não só em lojas de bicicletas, mas também em hipermercados e grandes superfícies – sendo mesmo a presença deste tipo de produtos uma das principais e mais excitantes novidades desse tipo de espaços – também assegurava que estas bicicletas de alta qualidade mas preço mais ou menos acessível estava facilmente disponível a quase todas as crianças portuguesas, garantindo assim vendas e popularidade para ambos os fabricantes.

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Um dos modelos da Órbita da época

Conforme referido acima, com o passar dos anos, a popularidade das bicicletas tipo BMX foi decaindo, ao ponto de hoje em dia as mesmas se encontrarem, novamente, restritas ao nicho de praticantes de desportos radicais. No entanto, durante um breve período em finais do século XX e inícios do XXI, este tipo de veículos foi parte integrante da infância de muitas crianças, não só em Portugal como um pouco por todo o Mundo, tendo mesmo chegado a inspirar o lançamento de videojogos baseados no seu uso. Justifica-se, portanto, a sua presença nas páginas deste blog, ao lado de outros ‘fads’ de exterior daquele tempo, como os referidos patins em linha ou ainda os carros elétricos, de que também falaremos aqui paulatinamente.

Para já, no entanto, a praça é vossa – venham de lá essas memórias sobre a ‘bicla’ da infância, ou sobre aquela que queriam ter e nunca tiveram. Da nossa parte, fica a memória de muitas e boas horas passadas ao selim do modelo cá de casa, uma Orbita vermelha e amarela, que ainda existe, e que por cá continua, à espera de novos ‘vôos’…

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Não era esta, mas quase... (crédito da imagem: Ciclovintage)

 

09.04.21

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

E hoje vamos falar de um item que todos tivemos, e vimos os adultos à nossa volta terem naquela saudosa década – o belo do fato de treino.

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Quem não teve, que se acuse...

Pois é, antes de serem parte indispensável do estilo ‘street/urbanwear’, e mais tarde voltarem a ser conotados com a sua função original – o desporto - os fatos de treino eram uma espécie de ‘fashion statement’ das massas, algo que estava inexplicavelmente na moda e cujo uso era massificado, não só entre as crianças e jovens mas um pouco por toda a sociedade.

E dizemos ‘inexplicavelmente’ porque o típico fato de treino de inícios dos anos 90 era o chamado ‘shell-suit’, um conceito herdado da década anterior e, como tal, cheio dos principais ‘tiques’ da mesma - nomeadamente o uso simultâneo de várias cores e tons berrantes e contrastantes, que produzia coisas como esta:

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Menos, malta do design...menos.

Mais tarde, sensivelmente a meio da década, alguém com algum bom-gosto decidiu que os fatos de treino deveriam ter cores mais neutras, de preferência escuras, e deixar os brancos e cores vivas apenas para os detalhes. Este estilo marcou a segunda vaga de fatos-de-treino a invadir Portugal durante os anos 90, a maioria dos quais incluía as famosas riscas verticais nas pernas popularizadas pela Adidas, em conjunto com um padrão que unia uma cor escura de base (tipicamente o preto ou azul-escuro) com um segundo tom, normalmente usado para a parte da frente e ombros do casaco. 

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Exemplo de um fato-de-treino de meados dos anos 90.

Entretanto, em paralelo a estes dois tipos de fatos-de-treino ‘fashion’, havia outro, mais tipicamente usado pelas crianças em idade de instrução primária ou preparatória, mas também popular entre as mulheres. Este tipo de fato-de-treino era normalmente feito de algodão e com um motivo bordado na camisola, indo do elegante e clássico ao berrante e ‘over-the-top’, mas sem nunca chegarem ao nível dos pesadelos de cores que podiam ser os fatos-de-treino para adultos.

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Exemplo contemporâneo de um fato-de-treino de criança ao estilo dos anos 90.

Estes três tipos de fatos-de-treino – ou só o casaco, ou só as calças – serviam, nos anos 90, para quase tudo, desde fazer desporto ou brincar na rua (o uso mais ‘natural’ deste tipo de peça) até ir para a escola, ao café, ao jardim ou até ao hipermercado. As únicas alturas em que não eram usados eram no escritório (no caso dos adultos) em festas, em visitas a familiares e em locais como a igreja. De resto, eram fiéis companheiros de muitos portugueses e portuguesas, de todas as idades, durante aqueles anos 90.

E vocês? Quando e onde usavam o fato de treino? De que tipo eram os vossos? (Não vamos perguntar se tiveram, porque CLARO que tiveram….) Deixem as vossas memórias nos comentários!

08.04.21

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

E se numa outra quinta-feira falámos aqui dos Tazos (e em futuras quintas-feiras falaremos dos Matutolas, Pega-Monstros, Caveiras Luminosas e outras promoções memoráveis), hoje falamos da gama de ‘snacks’ nos quais estes e outros brindes podiam ser adquiridos: as batatas fritas Matutano.

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Antes de mais nada, sim – temos plena consciência de que (quase) todas as batatas fritas de que falaremos neste post ainda existem. Mas também não há como negar que estas ‘bombas’ salgadas marcaram a infância de qualquer criança dos anos 90, e que foi também nessa década que a Matutano engendrou algumas das suas melhores promoções de sempre; com isso em mente, um post em homenagem a estes ‘snacks’ afigura-se mais que merecido.

A gama de ‘snacks’ à base de batata da Matutano dividia-se em cinco grandes categorias:

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- As batatas Ruffles eram as mais populares, pelo menos entre os mais novos. Com um característico visual ‘encarquilhado’ e maior teor de sal do que as batatas da gama Lay’s, estes deliciosos mas muito pouco saudáveis fritos eram disponibilizados em vários sabores, do qual o ‘normal’ era o mais frequentemente consumido pela maioria das crianças. Outros havia que escolhiam um dos sabores de carne – e APENAS um – como o seu favorito, não tendo a noção (ou a coragem de admitir) que todos eles sabiam, mais ou menos, ao mesmo, tendo todos um também característico travo picante. Fosse qual fosse o sabor favorito, o certo é que a preferência da miudagem ia mesmo para as Ruffles, que seriam talvez um dos items mais vendidos em cafés e bares de escolas e clubes por esse Portugal fora.

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- Lisas e sem tanta ‘piada’ (talvez por terem menos sal) as Lay’s eram vistas como a batata mais ‘para adultos’, por comparação com as Ruffles. Isto apesar de, em 1998, terem gerado um dos anúncios mais ‘meméticos’ de sempre em Portugal, numa altura em que o termo ‘meme’ ainda nem existia.

                     

'O que é que se diz à senhora...?'

Mesmo com este veículo de exposição ao sempre volúvel público mais novo, no entanto, as Lay’s sempre foram a ‘segunda escolha’ da miudagem no que toca a ‘snacks’ de batata, aqueles que se comiam apenas se não houvesse mais nenhum de que se gostasse - e se neste ‘ranking’ se incluirem também os de milho, a situação fica ainda mais desnivelada.

E por falar em snacks de milho…

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- Com uma das mascotes mais reconhecíveis do início dos anos 90, os Cheetos fizeram um sucesso estrondoso entre a criançada, levando a Matutano a lançar mais e mais sabores e variantes no mercado nacional – das quais a mais memorável talvez fossem as ‘Futebolas’, em formato de bolas de futebol. Com o tradicional gosto a milho ‘processado’ e a cobertura alaranjada que ficava nos dedos (e em tudo o mais em que se tocasse), estes ‘snacks’ eram feitos à medida para deliciar as crianças e irritar os pais, que tinham que limpar cada superfície em que a criança tocasse enquanto os comia – ou até depois de os comer. Um previsível sucesso de vendas, portanto.

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- Os Doritos apareceram mais tarde no mercado, mas ainda foram a tempo de fazer sucesso, com o seu sabor próximo das ‘tortilla chips’ americanas. Como bonus, neste caso, as variantes tinham MESMO sabores distintos…

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Destes, nem existem imagens 'de época', pelo menos de Portugal e sem marca de água...

- Os ‘outros’. Fritos e 3D’s não se encaixavam exactamente em nenhuma das ‘gamas’ da marca, sendo ‘lobos solitários’ no catálogo da Matutano da época. Ambos eram (e são) deliciosos, embora os ‘putos’ fossem mais atraídos pelo visual único dos 3D’s do que pelas mais tradicionais tiras dos Fritos.

Como dissemos no início do post, todas estas gamas se encontram ainda disponíveis, e algumas até expandidas em relação àqueles tempos; no entanto, sem as promoções e brindes apelativos, e o contexto sócio-cultural e temporal de ser criança e fazer esse tipo de coleccionismo, tudo o que fica são uns aperitivos industriais processados, com sal a mais, e maus para a saúde. O que não constitui necessariamente, bem entendido, um fator impeditivo à sua compra; só é pena que a ‘magia’ e antecipação que derivavam de comprar um pacote aos dez anos não se mantenha até à vida adulta. Enfim, restará sempre a nostalgia…

E por falar em nostalgia, sentem-na em relação às batatas Matutano? Continuam a comê-las hoje? Qual a vossa favorita? Partilhem as vossas opiniões nos comentários!

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