18.04.21
NOTA: Este post corresponde a Sábado, 18 de Abril de 2021.
As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.
E nesta terceira edição falaremos de uma saída que, apesar de se ter banalizado em décadas subsequentes, era ainda, nos anos 90, muito especial para qualquer criança: a ida ao cinema.
A razão para tal programa constituir uma grata e excitante surpresa prendia-se com uma conjugação de fatores exclusiva dos anos 90. Por um lado, a última década do século XX marcou a transição dos pequenos cinemas de bairro para os grandes complexos ‘multiplex’; por outro, a mesma ficou marcada pela prolífica quantidade de lançamento de filmes de interesse para o público infanto-juvenil – os quais, numa inteligente estratégia de ‘marketing’ por parte das distribuidoras, tendiam a estrear primeiro (ou apenas) nas tais grandes salas centralizadas, muitas das quais se inseriam nessa outra ‘meca’ de fim-de-semana para a miudagem dos anos 90, o ‘shopping’. E se só a ideia de ver um grande filme dirigido à nossa faixa etária já era entusiasmante, a oportunidade de fazer uma viagem de carro até um ‘shopping’, muitas vezes localizado na periferia de uma grande cidade, tornava toda a experiência ainda mais excitante para qualquer criança.
O entusiasmo continuava quando se entrava no cinema propriamente dito, o qual tendia a estar rodeado por uma área de enorme estimulação sensorial, completamente oposta aos escuros corredores e salas do típico cinema de bairro ou aldeia. Nestes novos complexos havia luzes brilhantes, figuras em papelão quase em tamanho real, ‘posters’ de lançamentos futuros e, claro, as características pipocas, até então um conceito desconhecido nos cinemas portugueses, mas desde aí parte indispensável da experiência de ir ao cinema. Tudo somado, a área comum de um ‘multiplex’ constituía, em si mesma, um verdadeiro mundo de maravilhas para uma criança ou jovem, que apenas ajudava a aumentar a antecipação para o filme que se ia ver.
As áreas exteriores das salas 'multiplex' não mudaram muito desde aquela época.
E, normalmente, o filme não defraudava – ou não fossem os anos 90 a era do Renascimento Disney, da Pixar, da Dreamworks, do Sozinho em Casa, do Beethoven, dos filmes dos Power Rangers e Tartarugas Ninja, do Space Jam e dos épicos de acção ‘grandes e explosivos’, estilo Schwarzenegger e Van Damme. No geral, qualquer que fosse o filme escolhido, era muito mais provável a criança sair da sala com uma memória para a vida do que desapontado ou indiferente ao que tinha visto.
Este aspeto memorável estava, também, intimamente ligado ao facto de que ir ao cinema estava longe de ser uma atividade frequente – até por os bilhetes serem, comparativamente, muito mais caros que os atuais. Uma criança com pais generosos podia esperar ir ao cinema três a cinco vezes por ano, não mais do que isso – normalmente quando saíam os novos filmes animados e ‘de famìlia’, ou seja, na altura da Páscoa, ou nas férias de Natal. Os outros iam ainda menos – só mesmo quando o dinheiro dava – tornando cada ida ainda mais inesquecível e especial.
E vocês? Iam frequentemente ao cinema? Que filmes se lembram de ter visto? Quais vos marcaram mais? Por aqui, ‘Sozinho em Casa’ foi o campeão, tendo sido visto cinco (!!) vezes no cinema, mas os filmes da Disney, os das Tartarugas Ninja, o ‘Parque Jurássico’, ‘Fievel no Faroeste’, ‘Ferngully – A Última Floresta Tropical’, ‘Hook’, ‘Batman Para Sempre’ e ‘Beethoven’ – entre outros – também deixaram a sua marca. Isto sem esquecer o primeiro filme ‘para crescidos’: ‘Duplo Impacto’, com Jean-Claude Van Damme.
E os vossos? Quais foram? Partilhem memórias nos comentários!