23.05.25
Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.
De entre os muitos nomes que definiram o panorama cinematográfico dos anos 90, um dos mais incontornáveis é o de Brad Pitt, hoje actor consagrado e respeitado, mas que – a par do seu contemporâneo Leonardo DiCaprio, hoje também tido em grande conta – era posicionado à época como sucessor natural dos galãs da década anterior, como Patrick Swayze ou Tom Cruise. Adorado por grande parte da população feminina pela sua atraente aparência e luminoso sorriso (em competição com o de Tom Cruise como o melhor daquela época), o então jovem actor viu-se, naturalmente, denegrido por uma parcela significativa não só do público jovem masculino, mas também dos críticos de cinema, para quem, nessa fase inicial, não passava de mais um 'menino bonito' de habilidade limitada.
A verdade, no entanto, é que tal visão era algo declaradamente parcial, e mesmo um pouco injusta, já que, mesmo nessa fase embrionária da sua carreira, Pitt dava já sinais de poder ser um nome a ter em conta para o futuro, granjeando mesmo papéis em filmes de realizadores como Robert Redford, com quem fez, em 1992, o aclamado 'Duas Vidas e Um Rio'. Seria, no entanto, apenas dois anos depois que surgiriam os dois filmes que verdadeiramente o consagrariam junto do público cinéfilo: 'Entrevista Com O Vampiro' e a obra a que dedicamos este 'post', 'Lendas de Paixão'.
Produzido em 1994, mas estreado em Portugal apenas no ano seguinte – completaram-se no passado dia 11 de Maio exactos trinta anos sobre a sua estreia, não tendo o hiato do Anos 90 permitido falar do filme nessa altura – 'Lendas de Paixão' é, como 'Duas Vidas E Um Rio', um filme 'de época', desenrolando-se a trama durante toda a primeira metade do século XX, desde a Primeira Guerra Mundial até 1963. Um projecto, desde logo, ambicioso, e que requeria mais do que apenas uma 'cara bonita' para o conduzir; felizmente, Pitt esteve à altura, não destoando do restante elenco, e contribuindo para um filme ainda hoje bem conseguido (chegou a ganhar o Óscar de Melhor Cinematografia do seu ano) e bem merecedor de ser visto.
A conribuir para o sucesso global da obra, ao lado de Pitt, estão nomes como Aidan Quinn, Julia Ormond e o incontornável Anthony Hopkins, no papel do pai de três homens com quem é forçado a encarar as sucessivas mudanças histórico-sociais da América durante o período em causa, que afectam até mesmo as vidas de cidadãos do Montana rural, como a família Ludlow. O foco, no entanto, está todo no Tristan de Brad Pitt, grande catalista das peripécias do filme, um personagem complexo e longe de perfeito, mas com quem é, ainda assim, fácil simpatizar ao longo do decurso do filme.
Juntamente com 'Entrevista Com o Vampiro', esta obra ajudaria, pois, a elevar o 'cachet' de Pitt como actor principal, dando (parcialmente) o mote para uma carreira de astronómico sucesso, que tornaria o actor numa das mais reconhecidas personalidades dos anos 90 e 2000, e que ainda hoje lhe permite escolher projectos de valor, e trabalhar com realizadores como Quentin Tarantino. Razão mais que suficiente, portanto, para celebrar esta obra, no mês em que se completam três décadas sobre a sua estreia nacional.